Presidente da CUT/SP pergunta: O que mais é preciso acontecer para piorar o transporte público metroferroviário em São Paulo?

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O que mais é preciso acontecer para piorar o transporte público metroferroviário em São Paulo?

Descaso por parte do governo estadual e a falta de respeito à população tornam insuportável a vida de quem depende de metrô e de trem

Por Adi dos Santos Lima*

05/01/2014

Há pouco menos de dois anos – precisamente em junho de 2012 – a Central Única dos Trabalhadores de São Paulo realizou uma grande atividade em prol da mobilidade urbana. Essa atividade, que culminou num grande ato realizado no MASP, reuniu milhares de trabalhadores que protestavam contra as péssimas condições do transporte público em geral: ônibus, metrô, trem. A manchete do jornal distribuído à época dizia: “Todo dia a mesma coisa: metrô lotado, trem quebrado, ônibus parado”.

E o que aconteceu desde então? Infelizmente, a situação só piorou. E muito. Não há um dia sequer que não haja atrasos de trem ou de metrô, ou descarrilamento, ou abertura de portas com o trem se movendo, ou problemas de frenagem, ou falta de energia elétrica, ou quebra de vagões, ou mesmo princípio de incêndio.

O episódio da última terça-feira (5), à noite, quando uma pane acabou por provocar tumulto, paralisação da linha 3-Vermelha do metrô e prejuízo a milhares de usuários, embora tenha sido um dos mais graves dos últimos tempos, veio somar-se aos tantos e tantos episódios que vêm acontecendo cotidianamente, em especial envolvendo o Metrô. Aliás, na tarde desse mesmo dia acontecera outra pane elétrica, que afetou a linha 4-Amarela.

Como em junho de 2012, mais uma vez a CUT/SP vem a público denunciar esta situação caótica, provocada pelo descaso do governo estadual, porque entende que a população do estado mais rico do país merece um transporte público de qualidade.

Mais do que denunciar, a Central também vem apresentar propostas para que São Paulo desfrute de uma mobilidade urbana compatível com seu porte e que leve em conta o respeito aos cidadãos. E para que isso ocorra, é preciso, em primeiro lugar, a apuração das denúncias de corrupção por representantes do PSDB nos últimos 20 anos. O sucateamento do Metrô e da CPTM é uma reclamação diária dos trabalhadores, que merecem, no mínimo, que os bilhões de propinas sejam devolvidos e revertidos em investimentos no transporte.

Investimentos que passam, por exemplo, pela construção de uma rede metroviária compatível com as necessidades da Região Metropolitana de São Paulo, acelerar a implantação da rede metroviária utilizando tecnologia mais atual, estender a circulação do metrô para toda a Região Metropolitana, hoje restrita à capital, com apenas 74,3 km para uma população de quase 11 milhões de habitantes, enquanto Santiago, capital do Chile, conta com 101 km para uma população de seis milhões de pessoas.

Para recolocar a CPTM “nos trilhos”, a CUT/SP propõe transformá-la em metrô regional, usando sua extensão na Região Metropolitana, melhorar a gestão da CPTM para que as reformas sejam aceleradas, implantar o trem metropolitano na região de Campinas até Jundiaí e ligações ferroviárias da capital até Cotia e até Guarulhos.

Contudo, nada disso acontece sem pressão e sem mobilização. É necessário, portanto, que a população paulistana saia às ruas e demonstre sua insatisfação, já que a grande mídia esconde ou distorce esse caos diário de superlotação, atrasos, acidentes e, para completar, passagens caras. Que se escancare o quanto este governo tucano desrespeita a população e prejudica a classe trabalhadora.

*Adi dos Santos Lima é presidente da CUT/SP

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