Preto Zezé: 'moradores de favelas têm mais saneamento e eletricidade do que muitas áreas rurais"

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Favela e as oportunidades

Por Preto Zezé, Diário do Nordeste

15/01/2012

Nos últimos 10 anos, 28 milhões de pessoas ascenderam à classe C no Brasil. Num país capitalista tardio, isso tem um significado de grandes proporções.

O acesso à economia tirou as favelas brasileiras do papel de coadjuvantes da sua própria história para protagonistas e peça chave do processo de desenvolvimento, desmistificando a favela como território único e exclusivamente de tragédias, problemas e dificuldades.

A última pesquisa do IBGE sobre favelas revela alguns desses avanços e que mesmo ainda residindo no território, os habitantes das favelas têm melhorado substancialmente sua qualidade de vida.

Viver em favela significa ter energia elétrica (99,7% dos domicílios), água encanada (88%), esgoto adequado (67%) e coleta de lixo (95%); apenas 1% dos domicílios em favelas no Brasil não tem banheiro ou sanitário; apesar dos problemas urbanísticos, pobreza e violência, moradores de favelas têm mais saneamento e eletricidade do que muitas áreas rurais; em 599 favelas (9,5%), todas as habitações têm todos os serviços essenciais: água encanada, esgoto ou fossa séptica, lixo recolhido e luz. O bairro do Pirambu, que foi a favela citada, é o mais claro exemplo de como essas mudanças ocorreram, principalmente por um protagonismo histórico de organizações, movimentos e lideranças, que revolucionaram radicalmente os indicadores negativos desse território. Infelizmente, a leitura que alguns veículos e intelectuais fizeram do Pirambu a partir desses dados, a meu ver, equivocaram-se em fazer um juízo de valor marginalizado da realidade distante do que representa política, social e economicamente aquele território. A primeira delas é daquele Pirambu abandonado, o que relembra uma favela de meia década atrás. Hoje, do ponto de vista de investimento público, só para citar um, grande parte daquela área, onde ainda residiam os piores indicadores, recebeu o Projeto Vila do Mar. Esta ação, que em volume financeiro, e mais ainda, em valor ambiental e de inclusão social e econômica do Pirambu, seja talvez, o maior do Brasil e que em 2012 será objeto de estudo da Universidade de Estocolmo. O projeto é caracterizado, também, por meio século de luta e 140 milhões de investimento. Se compararmos índices de violência, aí, sim, é que o Pirambu se auto revolucionou, onde através de atuações, como Acartes, Emaús, Pirambu Digital e Supermercado Zezão, para citar algumas, não só tem alterado um quadro interno, mas tem levado uma nova favela do Pirambu ao reconhecimento local, nacional e internacional.

Um feliz 2012 para o Pirambu e as favelas de Fortaleza, Favela é Cidade, Favela é Vida, obrigado ao Pirambu, por nos dar mais essa lição. Aproveito para lembrar que em 2012 o Pirambu faz 50 anos. A Cufa está junta e misturada para fazer uma grande comemoração das conquistas e comemorar junto aos heróis e heroínas pirambuenses essa data querida.

Preto Zezé é presidente Nacional da Cufa!

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