Será que síndrome de Estocolmo explica senadores petistas defenderem Demóstenes Torres?

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Há alguns deputados e senadores da 'oposição' bastante oportunistas, oportunistas no sentido de tripudiar do governo de coalização sob comando petista. Todas as vezes que a presidenta é pressionada pela mídia velha (que o governo prestigia e alimenta), esses mesmos deputados e senadores entram em cena pra declarar em alto e bom som que o governo do PT é o 'mais corrupto da história' e blá-blá-blá. Eis que um dos principais paladinos da moral contra a corrupção, Demóstenes Torres, que ataca diuturnamente o governo se vê envolvido no maior escândalo de corrupção e submundo do crime de que se tem notícia no Senado. É preciso investigar e tomar as medidas necessárias.

Não é preciso tripudiar como faz Demóstenes Torres com o governo que ele não cansa de repetir que é corrupto etc. etc. etc., mas prestar solidariedade a Demóstenes como fizeram senadores petistas é um pouco demais.

A política institucional é realmente para quem tem estômago forte. Mas há que se tomar algum cuidado com o pragmatismo e o corporativismo, pois se corre o risco de os eleitores serem incapazes de enxergar diferenças.

Em apartes, 44 senadores prestaram solidariedade a Demóstenes Torres Senado 06/03/2012

Após o discurso em que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) explicou sua relação com o empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e negou qualquer envolvimento em negócios ilegais, 44 senadores de vários partidos e posições políticas distintas o apartearam, solidarizando-se, expressando a confiança no parlamentar e elogiando sua atuação como senador. Ele ocupou a tribuna nesta terça-feira (6) e negou qualquer irregularidade na relação com Cachoeira, lembrando não ter sido acusado de qualquer ilícito. O senador também pediu investigações sobre si mesmo. No último fim de semana a imprensa revelou que senador e o empresário, preso na operação Monte Castelo, da Polícia Federal, conversaram constantemente no ano passado.

A senadora Marta Suplicy (PT-SP) classificou Demóstenes como o maior e mais brilhante opositor na Casa, e mesmo sendo difícil de lidar às vezes, é atuante e prestigiado pela competência, firmeza e clareza de posições.

- A atitude de ter vindo se colocar [em Plenário] levou toda a Casa a ter uma postura uníssona, de situação e oposição, o que é muito raro. Deve ter sido agradável perceber o respeito que seus companheiros têm e a sua presunção de inocência, o gesto que todos lhe fizeram – disse Marta Suplicy.

Muitos parlamentares salientaram o histórico de credibilidade e a trajetória de luta de Demóstenes Torres, como Waldemir Moka (PMDB-MS), Alfredo Nascimento (PR-AM), Romero Jucá (PMDB-RR) e Lobão Filho (PMDB-MA). A competência, os conhecimentos jurídicos e o comportamento aguerrido no Senado foram mencionados por Pedro Simon (PMDB-RS) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Outros elogiaram sua coragem por reconhecer as relações com Carlos Cachoeira e por pedir para ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o que configura a confiança em sua conduta ilibada e o comportamento a ser adotado por todas as pessoas públicas. Compartilharam dessa opinião os senadores Vital do Rêgo (PMDB-PB), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA).

O senador Pedro Taques (PDT-MT) afirmou conhecê-lo desde a década de 90, quando, como membros do Ministério Público, defenderam seus estados e foram forjados na “luta contra a criminalidade”. Vicentinho Alves (PR-TO) e Cyro Miranda (PSDB-GO) também destacaram seus laços de amizade com Demóstenes, e a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), integrante da bancada goiana, expressou sua solidariedade.

Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) citou a envergadura moral de Demóstenes Torres e salientou que, mesmo com a denúncia publicada, não houve por parte de Demóstenes qualquer iniciativa de diminuir a importância do papel da imprensa no acompanhamento, na fiscalização, na investigação da vida dos homens públicos. Ele afirmou que apresentará proposta de emenda à Constituição (PEC) para por fim ao foro privilegiado, “para que não paire dúvidas sobre honras”.

Já Ana Amélia (PP-RS) questionou a quem interessaria atingir a conduta de Demóstenes Torres, sua firmeza e seu compromisso com a legalidade, com a responsabilidade e com o trabalho comprometido com a ética na política.

- A quem interessa calar a voz mais dura, mais contundente, às vezes até ferina, às denúncias das mazelas da corrupção em nosso país? A quem interessa? – indagou.

Também apartearam Demóstenes Torres os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), Eduardo Braga (PMDB-AM), Cristovam Buarque (PDT-DF), Alvaro Dias (PSDB-PR), Blairo Maggi (PR-MT), Aécio Neves (PSDB-MG), Roberto Requião (PMDB-PR), Mário Couto (PSDB-PA), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), João Ribeiro (PR-TO), Benedito de Lira (PP-AL), Casildo Maldaner (PMDB-SC), Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), Francisco Dornelles (PP-RJ), Paulo Paim (PT-RS), Aloysio Nunes (PSDB-SP), Jorge Viana (PT-AC), Kátia Abreu (PSD-TO), Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Armando Monteiro (PTB-PE), Antônio Russo (PSDB-MS), José Agripino (DEM-RN), Ivo Cassol (PP-RO), Jayme Campos (DEM-MT) e Inácio Arruda (PCdoB-CE), que se solidarizaram em nome de seus partidos.

Da Redação