Serra o falastrão: Banda larga em SP e Ministério de Segurança, nem polícia tem Internet

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Absolutamente nada que Serra disse ontem no debate condiz com a verdade. Quem o ouve e não é de São Paulo e conheça superficialmente a cidade (como a classe média que vive ilhada na própria cidade de costas para os problemas da periferia) pode achar que São Paulo é um paraíso. Mas não é, São Paulo é uma das metrópoles mais desiguais do mundo e um verdadeiro inferno para os não privilegiados e o serviço público de São Paulo é de quinta categoria, menos devido aos funcionários públicos, mais pelo desgoverno dos tucanos.

A notícia abaixo permite que os eleitores avaliem duas promessas de Serra, uma de criar o Ministério da Segurança pública (como fará isso se nem em São Paulo onde o PSDB está há vinte anos temos a polícia funcionando de modo tão precário?). A segunda mentira foi Serra dizendo que São Paulo já tinha banda larga acessível. De novo a notícia abaixo mostra que é uma mentira deslavada (detalhe a notícia é de maio de 2010, um mês após Serra deixar o cargo de governador. Isso nos leva a fazer outro questionamento. Como uma polícia sem acesso à rede fará o tal cadastro de criminosos?

Serra mitômano, falastrão vive em uma realidade paralela e acha que todos nós, eleitores, somos imbecis.

A polícia desconectada Por: Josmar Jozino, [email protected] Do Jornal da Tarde 3 maio de 2010

Uma das principais ferramentas para investigações, a internet não faz parte da realidade dos policiais do Deic, que, para não prejudicarem os trabalhos, levam equipamentos de casa e fazem ‘vaquinha’ para pagar o serviço

Enquanto o crime organizado tem nas prisões telefone celular de última geração, capaz de enviar mensagens e fotos por e-mail, os computadores da Polícia Civil ainda não são ligados à internet. Para realizar pesquisas e acessar dados de outros Estados, policiais são obrigados a levar equipamentos particulares de casa e fazer “gambiarra” no serviço.

A Polícia Civil, no entanto, garante que 98% dos municípios paulistas já têm condições de acesso à internet (leia abaixo). Mas não é o que afirmam policiais do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic), uma das unidades de elite da corporação, e delegados subordinados ao Departamento de Polícia Judiciária do Interior (Deinter).

No interior, delegados disseram que fazem “vaquinha” e cada um desembolsa por mês R$ 10 para pagar uma empresa a cabo e ter acesso à rede mundial de computadores. “É vergonhoso. Mas se a gente não faz isso, não tem como utilizar essa importante ferramenta de investigação”, desabafou, indignado, um delegado da região oeste do Estado.

Investigadores do Deic, o departamento criado para investigar o crime organizado, contaram ao JT que são poucos os computadores configurados pela Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp). A empresa é responsável pelo serviço de tecnologia de informação do governo estadual.

Segundo policiais do Deic, poucos delegados têm acesso à internet. É necessário ter uma senha. O serviço, porém, é lento e restrito. Não é permitido acessar sites importantes, inclusive de relacionamentos, nos quais os policiais podem fazer consultas para obter fotos de suspeitos, endereços e outras informações necessárias às investigações.

Delegados disseram que somente no mês passado a Polícia Civil informou, por meio da intranet, a rede de comunicação interna da corporação, que a partir de agora, os policiais vão poder se cadastrar para ter acesso à rede mundial de computadores. “Recebi um código da Prodesp, mas ainda não foi possível fazer o cadastramento e ter uma senha”, revelou um investigador do Deic.

Na semana passada, policiais de delegacias de repressão a crimes contra o patrimônio, do Deic, utilizavam laptops particulares para consultar a internet. Muitos investigadores não podem trocar e-mail com colegas de outros Estados, para obter qualquer tipo de informação, por causa da indisponibilidade do serviço. “Isso é um absurdo. Não temos as mínimas condições de trabalho”, reclamou um policial com mais de 20 anos de serviço na corporação.

A presidente da Associação dos Delegados do Estado de São Paulo (ADPESP), Marilda Pansonato Pinheiro, disse que a situação da Polícia Civil é grave: “Internet para nós é artigo de luxo. Não temos computadores suficientes nem impressoras. Em alguns departamentos, o acesso à internet é restrito. Não funciona em qualquer lugar. Mas dos males, esse ainda é o menor. Precisamos de mais equipamentos”, afirmou.

Marilda já cansou de ouvir relatos de delegados que precisam fazer “vaquinha” para ter acesso à rede mundial de computadores. “São várias as reclamações. Se muitos de nossos colegas levarem os equipamentos particulares para casa, as delegacias fecham. Além disso, o programa da Prodesp é péssimo, cai com frequência e fica dias e dias fora do ar”, acrescentou a delegada.

A sindicalista disse ainda que a Polícia Civil é investigativa e, portanto, precisa de todos os equipamentos possíveis para realizar seu trabalho de maneira eficiente. “A internet é uma importante ferramenta. Sem ela não é possível acessar dados de outros Estados nem fazer pesquisas e consultas”, argumentou.

Nos distritos policiais sob o comando do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap) também é comum a presença de computadores particulares em mesas ou escrivaninhas de delegados titulares, chefes de investigadores e de escrivães. “Apenas uma minoria de policiais tem acesso à internet. Boa parte não tem senha. O sistema realmente é lento e precário”, contou um delegado subordinado à 6ª Delegacia Seccional (Santo Amaro), na zona sul.

Deic já ficou sem faxina Os funcionários do Deic já passaram por situações piores do que ficar sem internet no local de trabalho.

Matéria do JT publicada em 13/11/2009 mostrou que os policiais de um dos setores mais importantes da Polícia Civil estavam havia uma semana bancando com o próprio dinheiro a faxina do prédio. Tudo porque o contrato com a empresa responsável pela limpeza havia vencido e não foi renovado.

Durante visita ao prédio do Deic, a reportagem encontrou vários cestos de lixo lotados no andar térreo e nas salas de delegados. Também verificou que a escada de acesso ao primeiro andar, onde fica a diretoria do Deic, não havia nem sido varrida. Do lado de fora, as condições de higiene eram ainda piores. Logo na porta de entrada do departamento, estava a maior concentração de sujeira. Havia sacos de lixo, bitucas de cigarro e muitas folhas de árvores espalhadas pelo chão

Para amenizar a situação, os policiais tinham que fazer vaquinhas regularmente. Segundo policiais, os delegados e investigadores das divisões de crimes contra o patrimônio e de roubo de cargas desembolsavam R$ 5 por semana para pagar a um grupo de faxineiras . “Se a gente não meter a mão no bolso, a sujeira vai ficar acumulada aqui. O Estado parece não estar dando importância ao problema”, afirmou uma policial à reportagem na época.

Um delegado afirmou, então, que o lixo se espalhava por todas as dependências da sede do Deic. Segundo ele, os banheiros no térreo e no primeiro andar estavam muito sujos. E o estado calamitoso do local tinha ficado ainda pior depois que a bomba de água responsável pelo abastecimento no departamento quebrou.

FALTA DE CAFÉ Na ocasião, outro delegado afirmou que o problema no departamento não se restringia à faxina e à falta de limpeza. “Também estamos há pelo menos 10 dias sem café. Temos de pagar o pó com dinheiro próprio. Não sei para onde vai a verba destinada ao Deic.”

O mesmo delegado explicou que cada departamento da Polícia Civil é responsável pela licitação de seus serviços. “Antes tudo era centralizado. Agora isso mudou. Mas até o momento a licitação da limpeza não foi renovada”, disse, então, o policial do Deic. Questionado, o Deic informou que havia licitado e definido por meio de um pregão eletrônico a empresa que realizaria os serviços de faxina e limpeza do prédio na zona norte.