Suzana Singer sugere que colunistas da Folha assumam suas ideologias. Isso seria ao menos mais honesto

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Suzana está sendo otimista em sugerir apenas aos colunistas, como se os jornalistas não fizessem o mesmo. É duro ver um Fernando Rodrigues desesperado com a queda de Serra tentando de tudo para ver o seu candidato no segundo turno... Não é mole ver o tucano serrista Dimenstein posar de 'neutro' ou um Josias 'Misógino' de Souza (que já associou a foto de Marta e Dilma ao termo 'vagabundas') e tantos outros nos tratando como se fôssemos estúpidos.

O partidarismo da Folha não é surpresa para ninguém, assim algo chama muito atenção além das grosserias sexistas de Bárbara Gancia: o baixo nível da cobertura 'jornalística' esportiva, impressionante, mas a julgar pelo que foi destacado pela ombudsman ele consegue ser pior que a cobertura política que é sofrível!

Leia também: Humor: Palestra do editor da Folha com o tema: “independência e apartidarismo no jornalismo político”

Colunista vota em branco? Por SUZANA SINGER - [email protected] @folha_ombudsman via Conteúdo Livre

Folha busca apartidarismo em textos de opinião, mas o melhor é expor leitores a opiniões divergentes

Com O início do horário eleitoral gratuito, o editor-executivo da Folha repassou comunicado lembrando a importância da neutralidade política, inclusive nos espaços de opinião. "O princípio do apartidarismo da Folha deve ser observado também nas colunas e nos blogs. Textos que façam proselitismo eleitoral ou tragam declaração de voto podem ser acomodados em Tendências/Debates, mas devem ser evitados em outros lugares", diz o aviso.

A diretriz parece impossível de ser seguida à risca. Na semana passada, pela segunda vez, o Painel do Leitor publicou reclamação do assessor de campanha do PSDB contra o professor da USP Vladimir Safatle, que escreve às terças-feiras.

Para o tucano, Safatle não tem isenção para criticar José Serra porque ajudou a elaborar o plano de governo de Fernando Haddad. O colunista respondeu que nunca teve relações formais de trabalho com o PT, só ajudou na formulação de propostas para a área de cultura.

De fato, faltou transparência a Safatle quando, em 21 de agosto, escreveu o texto "Sem planos", em que dizia que apenas Haddad tem um "programa de remodelagem da estrutura urbana de São Paulo". Ele deveria ter informado os leitores de sua participação, mesmo que não tenha sido central, na campanha petista. Isso, porém, não o desqualifica para falar de Serra, como quer fazer crer o assessor tucano.

Algumas colunas de Gilberto Dimenstein sobre a eleição poderiam ser facilmente encaixadas em "proselitismo político". Ele criticou todas as campanhas, mas qualificou a de Celso Russomanno de "enganosa" e "primária". Pensando no segundo turno, fez um apelo: "Será que um petista com um mínimo de seriedade acha que seria melhor para a cidade ser governada por Russomanno do que por Serra? Ou um tucano admitiria que Haddad é pior do que o candidato do PRB?"

Um jornal que estivesse realmente empenhado em afastar catequeses políticas não teria espaços fixos para Aécio Neves ou Marta Suplicy, que deixou de ser colunista recentemente porque ganhou um cargo executivo. Seria mais realista assumir que é praticamente impossível eliminar simpatias (ou antipatias) partidárias dos artigos e permitir que colunistas assumam seus votos e preferências abertamente.

O equilíbrio vem da diversidade da "fauna", da presença de representantes de diferentes pontos de vista. Está em abrigar, ao mesmo tempo, Marina Silva e Kátia Abreu. Em publicar que "é evidente que Lula não podia ignorar o mensalão porque não se tratava de uma questão secundária de seu governo" (Ferreira Gullar) e também que "parte da mídia tenta destruir a imagem de Lula ignorando o grande avanço social e econômico por ele produzido" (Delfim Netto). COMPOSTURA NO TWITTER

As réplicas desaforadas de Barbara Gancia aos leitores renderam, por muitos anos, uma coluna na antiga "Revista da Folha" ("Barbara responde"). Os impropérios da jornalista eram divertidos, os remetentes caprichavam nas provocações para terem suas cartas escolhidas.

Na quinta-feira passada, o desaforo passou do limite da civilidade. Um tuíte malcriado da campanha de Soninha Francine recebeu uma resposta ainda pior:

PPS São Paulo: Sabatina teve Barbara Gancia atacando Soninha Francine e Celso Russomanno e lambendo as botas de José Serra e Fernando Haddad. VERGONHA!

Barbara Gancia: Vc me acusa de lamber botas. Já a sua candidata parece q lambe outras partes de candidato, né? Conta pra gente! É um exemplo perfeito de como as redes sociais dão a impressão de que tudo é permitido e, em 140 caracteres, perde-se a compostura.

Reprodução

Na cruz

Mexer com símbolos religiosos é sempre polêmico. Cartuns com Maomé criaram problemas sérios nos países muçulmanos e, por aqui, a CNBB criticou a capa da "Placar" com Neymar crucificado por "ridicularizar a fé" com "mera finalidade comercial". Se a ideia era provocar, ponto para a revista

COMO IRRITAR UM SÃO-PAULINO

A Folha cometeu duas faltas contra a torcida do São Paulo na semana passada. A capa de "Esporte" de segunda-feira afirmava que a recepção de Ganso tinha sido "morna". Os leitores reagiram, lembrando que havia 40 mil pessoas numa tarde fria no Morumbi, boa parte mais interessada no novo jogador do que na partida contra o Cruzeiro.

No dia seguinte, a segunda mancada foi no site, com o título "Lucas diz que já enturmou Ganso ao 'alegre' ambiente do São Paulo". O adjetivo foi pinçado da frase do meia-atacante: "Já enturmei ele com a rapaziada do time, o ambiente é muito alegre no São Paulo". "Homofobia", "molecagem", "ironia de quinta", "não parece jornal sério", disseram, com razão, os torcedores.

O editor de "Esporte", Alexandre Nobeschi, reconhece erro em ambos os casos. Ele foi ao Morumbi como torcedor e não concorda com a avaliação do seu repórter. "Estava na arquibancada e vi muita animação ao redor", conta.

Sobre o título jocoso, o editor lamenta e diz que mandou alterá-lo.

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