Usar camisinha não brocha, fio!

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Acabei de receber do @gustavoramos via twitter o link para uma campanha da Trust condom para estimular o uso da camisinha no continente africano (daí a quantidade de atores negros no vídeo publicitário). A mensagem final é em suaíle: Maisha iko sawa na trust (Maisha significa vida).

Os publicitários que a criaram estão de parabéns. A peça é engraçada, bonita, sedutora, com erotismo e um olhar para o sexo seguro sem falsos moralismos. Trata o sexo sem tabu, como prática natural da vida, para jovens e velhos, gordos e magros.

Em um continente no qual muitas regiões são assoladas pela Aids, que tem de lidar com culturas tradicionais que vêem no sêmen parte de sua energia vital, uma campanha assim é fundamental. Os Dogon do Mali; os  Bambara da região do Níger, os Luba são alguns exemplos  de povos de culturas tradicionais com uma filosofia complexa que estabelece uma hierarquia de forças e equilíbrio na relação homem-natureza, por meio do princípio de primogenitura e na crença de uma força vital primordial, por isso só mesmo com muita criatividade e respeito campanhas de prevenção à disseminação do HIV naquele continente terão sucesso.

Uma peça publicitária como esta tem chances de ser bem sucedida tanto no continente africano como em qualquer outro lugar do planeta, porque é inteligente. O toque final da sombrinha automática ejetando como se fosse um pênis ereto, fecha com chave de ouro a idéia de que sexo seguro é bacana, não limita o prazer, não é o fim do mundo.  E ela ainda tem mais: é do homem que parte a iniciativa, sem machismos, sem chauvinismos.

É isso, homarada, o recado da peça é bem claro: usar camisinha, não brocha, fios!

Quando a mulherada reclama das campanhas sexistas de cerveja muitos publicitários brasileiros dizem que a publicidade só reflete o discurso presente na sociedade. Seria interessante que vissem esta campanha para análise. Se assim fosse, esta peça não seria tão ousada e interessante (sem recorrer aos velhos preconceitos de sempre).

E para terminar, comparem esta inteligente campanha da Trust Condon com esta campanha institucional francesa criada por Leo Burnett para a ONG Sida Action.

Qual delas é a mais eficiente? Uma que relaciona sexo a vigor, graça, sedução, erotismo, diversidade sem perder a segurança ou uma que é moralista, com um toque que beira a homofobia e acha que obesos, negros e outros não fazem sexo (só corpos esculturais podem praticá-lo) e o fazer sexo pode levar à morte?

Eu prefiro Eros a Tânatos e tenho dito!

CAMPANHA DA TRUST CONDOM

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CAMPANHA DE LEO BURNETT [youtube=http://www.youtube.com/watch?v=RzI_oV1TE_E&hl=pt-br&fs=1&color1=0x402061&color2=0x9461ca]