por Cesar Castanha
Mais uma vez, listo meus filmes preferidos do ano que passou e tento justificar um pouco algumas das preferências. E como sempre, seguindo os links, você pode encontrar textos mais completos sobre cada filme. O ano passado foi muito duro, e acredito que o cinema refletiu um pouco essa dureza. Nocturama talvez seja o filme que busque mais fundo o desamparo desse momento como uma sensibilidade, seguindo um grupo de jovens que arquitetam vários pequenos atentados em Paris por motivações pouco claras e com consequências perversas.
Filme:
Acho muito interessante que o filme de Maren Ade leve o nome Toni Erdmann, o mesmo da figura que o personagem de Peter Simonischek cria para tentar se aproximar do mundo da filha, interpretada por Sandra Hüller. Esse segundo personagem de Simonischek no filme, acredito, é uma pequena caricatura do primeiro, uma referência ao palhaço excêntrico que a filha acredita que ele seja. O que os dois personagens do ator têm em comum é uma falta de carisma tocante que Simonischek traz ao filme e que está sempre em diálogo com a personagem de sua filha o percebe e como nós o percebemos.
Ator:
Peter Simonischek (Toni Erdmann)
Jean-Pierre Leaud (A Morte de Luís XIV)
Joel Edgerton (Loving)
Jun Jae-young (Certo Agora, Errado Antes)
Vincent Cassel (Meu Rei)
Nas premiações da temporada, Mahershala Ali tem sido o ator mais aclamado do elenco fantástico de Moonlight. O ator está ótimo no filme e merece o reconhecimento depois de uma considerável carreira interpretando papeis bem aquém de seu talento. Mas acredito que o grande brilho do filme está na atuação de Ashton Sanders, que interpreta Chiron quando adolescente. Sanders traz adiante toda a vulnerabilidade daquele personagem, o seu medo e suas dúvidas. Se o filme é eventualmente esquemático, a atuação de Sanders parece fluir a partir de como aquele personagem se relaciona com seu universo.
Ator Coadjuvante:
O que mais gosto em Manchester à Beira-mar é como o filme parece muito preocupado em mostrar certa melancolia que emana da paisagem daquela região e como isso afeta o seu protagonista, afastado dali por uma tragédia e por sua própria culpa.
Fotografia:
Manchester à Beira-mar
American Honey
O Ornitólogo
Nocturama
Kubo e as Cordas Mágicas
Num momento em que boa parte dos artistas americanos se virou contra Trump, as personagens de American Honey, com a bandeira dos confederados estampando seus biquinis, dançam ao som de Rihanna. Há algo muito forte no filme sobre o quão próximo e o quão distante ao mesmo tempo aqueles personagens estão da situação política do país. A maneira como se comportam, as roupas que vestem e a música que ouvem trazem à tona uma América presa às suas contradições.
Trilha Sonora Adaptada:
A música de La La Land é a homenagem mais bem-sucedida do filme ao cinema musical a que de tantas maneiras se refere, nostalgicamente. O compositor francês Michel Legrand parece ser a principal referência para o excelente trabalho de Justin Hurwitz, que cria uma atmosfera sonora muito coesa para o filme. As letras de Pasek e Paul, dois dos melhores letristas do teatro musical contemporâneo, acrescentam à música certo humor trágico, uma esperteza lírica rara até mesmo para os padrões do teatro recente, criando talvez a melhor sequência de pastiches desde Follies, de Stephen Sondheim.
Trilha Sonora Original: