Milos Morpha comenta... Força da Vida

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Há aproximadamente 3 bilhões de anos as células existentes no planeta terra começam a se espalhar. É o primeiro indício do surgimento da vida no nosso planeta. Há 300 milhões de anos se diversificam os insetos, entre eles a barata, há 100 mil anos apenas surge o homem. Até este momento, as baratas já haviam passado por todo tipo de desafios e obstáculos à sua existência, eras glaciais, meteoros devastadores, cataclísmos responsáveis por exterminar répteis e mamíferos gigantes, mas nunca, jamais, as baratas. Os humanos surgem, modificam a natureza como nenhuma espécie jamais fez, surgem as civilizações, surgem as grandes cidades. As pessoas, que dominam o planeta, têm pela barata um interessante nojo, repugnância, as esmagando na primeira oportunidade, mesmo assim elas resistem, aqui estamos hoje, convivendo com elas em nossas casas, sabendo ser impossível detê-las por completo.
A obra de Will Eisner faz uma interessante (porém discretíssima) comparação entre as baratas e os judeus, pois a religião hebráica é nada mais senão aquela, mais antiga que a maioria, sobrevivente aos mais diversos cismas e às repugnâncias das religiões dominantes.
O cenário é a crise de 1929, a quebra da bolsa de valores de Nova York, milhares de desempregados, milhares passando fome, enquanto na Europa cresce o movimento anti-semita. O personagem é Jacob, judeu desempregado que tem como grande feito do dia salvar a vida de uma barata (de acordo com ele, tal inseto, assim como os humanos, insistem em sobreviver mesmo quando não há nenhum motivo para tal).
A partir destes elementos, Eisner constrói o enredo da forma que ele é expert em fazer. Melancolia, tradições judáicas, amor, saudade, são os elementos misturados no caldeirão Eisner, o resultado é uma das maiores obras primas dos quadrinhos