A morte de Adriano e os 13 celulares fazem aniversário hoje

A proximidade quase que visceral dos Bolsonaros com as milícias deixa todos estupefatos, com o silêncio criminoso da justiça

Adriano da Nóbrega, Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz – Foto: Reprodução
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Era um dia 9 quando forças de segurança da Bahia em conjunto com forças do Rio de Janeiro cercaram e mataram o miliciano e fugitivo Adriano Magalhães da Nóbrega. Com isso apreenderam 13 celulares do miliciano morto.

A operação e o episódio são cercados de coincidências, circunstâncias duvidosas e todo tipo de elemento que transforme o caso em um prato cheio para teóricos da conspiração. E com razão.

No mesmo final de semana da desastrada operação, Eduardo Bolsonaro estava na Bahia em Salvador a quatro horas da cidade de Esplanada.

E ainda tivemos aquela situação estranha com as armas que pareciam diferentes em fotos distintas.

Fora a matéria da Revista Veja, as fotos do cadáver e o vídeo falso que os filhos do presidente insistiam em dizer que era um vídeo do corpo do miliciano.

Adriano era conhecido e amigo Fabrício Queiroz. Chegaram até mesmo a servir juntos no tempo em que foram policiais militares.

Voltariam a se encontrar novamente no gabinete do senador Flávio Bolsonaro. Queiroz acabou empregando para o gabinete não só a então esposa do miliciano, como também a sua mãe.

As contratações são no mínimo estranhas, basta ver o longo histórico de mais de 16 anos em que a família defendeu os grupos criminosos nas casas legislativas do Rio de Janeiro e de Brasília, deveriam ter sido cassados ali. Apologia ao crime.

O Brasil já prendeu muito mais gente e artista por menos - em todas as vezes, para eles, foi cego.

A proximidade quase que visceral dos Bolsonaros com as milícias deixa todos estupefatos, com o silêncio criminoso da justiça e dos conselhos de ética.

Adriano além de tudo ainda era um dos chefes do Escritório do Crime. Ao lado dele estavam Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, acusados de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco.

O primeiro era até mesmo vizinho do presidente no tenebroso condômino Vivendas da Barra (pesada).

Não há como negar que Adriano talvez fosse mais valioso morto do que vivo. E para quem? Só investigações sérias e isentas poderão dizer.

As coisas ficam ainda mais estranhas com a seguinte sequência de fatos.

Na mesma semana em que os sigilos bancários de Ronnie Lessa e Élcio foram quebrados, Flávio entrou com mais uma – a nona - petição para tentar barrar as investigações sobre a rachadinha em seu gabinete.

Primeiro Flávio e sua petição, depois a quebra de sigilo dos milicianos.

Ué, quem não deve, não teme! Não é isso que os bolsonaristas e os delinquentes da lava jato sempre afirmavam? Fico confuso.

E os 13 celulares? Seguem mudos, seguem sem respostas.

Ao contrário da agilidade vista para descobrir os autores do vazamento dos procuradores para o The Intercept Brasil, onde Moro foi até mesmo buscar ajuda nos EUA.

Até aqui moro não disse nenhuma palavra, tampouco foi pedir ajuda aos seus amigos nos EUA.

Inclusive no dia da morte do miliciano, Moro decidiu reafirmar sua pequenez, não disse uma só palavra, preferiu falar sobre programas infantis dos anos 80 e 90. Um ignóbil de marca maior, desprezível.

Por fim, semanas após a morte de Adriano Magalhães ainda surgiu “notícia” que não sobreviveu muito.

A história era de que Adriano teria financiado a campanha para governador de Wilson Witzel. O valor? Dois milhões de reais.

 A imprensa acabou não embarcando na história. Deixou evidente que há uma desconfiança sobre a veracidade dos fatos.

Até agora nada foi revelado, nem sobre a morte, nem sobre os celulares.

Pelo visto Moro tem medo de olhar para alguns cadáveres.

Quando o Brasil saberá a verdade?