Agitação dos policiais militares é desespero contra o impeachment

Leia na coluna de Cleber Lourenço: "Com parte da grande imprensa em profundo desencanto com os descalabros e descontroles verbais do presidente, a luz amarela foi ligada no Palácio do Planalto"

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As coisas não vão bem no governo bolsonarista e geralmente quando isso acontece o governo tende a piorar ainda mais.

Com parte da grande imprensa em profundo desencanto com os descalabros e descontroles verbais do presidente, a luz amarela foi ligada no Palácio do Planalto. Tanto é que Bolsonaro decidiu ir para as redes sociais afirmar que a democracia está forte. Ele sabe que não está.

Com isso o governo decidiu tentar se segurar apoiando de forma discreta a sublevação das polícias ao redor do país.

Já são 12 os estados em crise com suas policias. Forças de segurança realizam manifestações em 5 Estados, e pressionam governadores de outros 7. Tudo com apoio de políticos da região que integram a base de apoio bolsonarista.

Um dos principais apoiadores da greve no Ceará é o deputado estadual André Fernandes (PSL), que almoçou com o presidente Jair Bolsonaro na quarta-feira (19), horas antes de Cid Gomes ser baleado por policiais encapuzados na cidade de Sobral.

A estratégia tem como objetivo tentar fortalecer o combalido governo e também fritar o ministro da justiça Sérgio Moro.

A estratégia não é nova. Durante todo o ano passado, durante as diversas crises que o governo viveu, ele encontrou como saída agitar as massas. Acontece que dessa vez temos dois elementos novos: a perda de apoio por parte da imprensa e a manobra perigosa de agitação dos policiais.

E no meio de toda esta situação é interessante notar a movimentação do governador de São Paulo, João Doria , que ao lado de Wilson Witzel, governador do Rio de Janeiro, decidiu liderar os governadores dos demais estados da federação em uma oposição ao governo federal.

Vale lembrar que em agosto do ano passado essa mesma coluna apontou que Gilberto Kassab (PSD), que durou apenas três dias na Casa Civil do governo João Doria, disse para pessoas próximas que Doria saberia que o governo Bolsonaro duraria no máximo dois anos. Segundo uma fonte, Kassab foi enfático:

“O governador (Doria) tem certeza que o Bolsonaro só vai ficar 2 anos”.

Não é por menos que as hordas bolsonaristas já agitam manifestações para março, mais uma vez atentando contra a institucionalidade e a Constituição.

A cúpula militar também já prevê o desastre que está por vir e já dá como orientação o reforço de sua própria imagem e que mantenham uma “distância segura” de Jair Bolsonaro.

A relação do governo com o Congresso também está profundamente desgastada, principalmente após a declaração do General Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que declarou que o Executivo é vítima de chantagem de parlamentares.

Bolsonaro manteve-se silencioso sobre tais declarações, uma forma sutil de mostrar endosso o ministro, o que pode piorar ainda mais as relações com o Congresso, que pensa em convocar Heleno para pedir explicações.

Com isso Bolsonaro pode perder ou já ter perdido qualquer defesa que poderia ter contra um eventual processo de impeachment. O desgaste com os governadores por conta da sublevação dos policiais nos estados também pode colaborar para que o mandato do presidente seja encurtado.

PS: Atualização no sábado (22) - A assessoria de Gilberto Kassab entrou em contato com a Revista Fórum para negar que João Doria tenha dito que o presidente Jair Bolsonaro duraria apenas dois anos no cargo.

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum