Bolsonaro já cometeu crimes de responsabilidade. Mas agora tem medo de vetar fundão

O presidente viu o estrago que causou ao aprovar o juiz de garantias e teme que isso se repita. Ele quer e precisa do fundo, mas teme também perder capital político com seus eleitores

Bolsonaro em foto com apoiadores na Bahia (Reprodução)
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O presidente Jair Bolsonaro segue com o velho hábito de se acovardar e tentar se esconder atrás de terceiros. A celeuma que se tornou o FEFC (o famigerado fundão) chega a ser vergonhosa. Bolsonaro que está construindo um partido para chamar de seu, certamente seria um dos beneficiados caso conseguisse lançar sua legenda. Mas tem vergonha de não barrar pois pegar ia mal com sua base eleitoral, admiradora do estado mínimo e austeridade. Sem falar que a proposta iria contra suas bravas de campanha como acabar com a “mamata”. Para isso Bolsonaro recorreu à desculpa estapafúrdia de que caso barrasse o fundão estaria cometendo crime de responsabilidade, o que é uma mentira. Mas mesmo que fosse verdade, o medo seguiria injustificável, Bolsonaro já cometeu uma coleção de crimes de responsabilidade ao longo do ano passado. No início de 2019 quando Bolsonaro foi recebido em Nova York com um pomposo jantar em sua homenagem, com o patrocínio do consulado brasileiro e do Banco do Brasil, ali já se configurava crime e responsabilidade. No episódio da Golden Shower, Bolsonaro poderia já ter se enrolado uma vez que que atropelou o decoro passando o infame vídeo, logo cometeu crime de responsabilidade. Quando procurou a CIA também! Uma vez que expôs a nação desnecessariamente ao perigo da guerra ao cometer ato de hostilidade contra nação estrangeira ao discutir obre eventuais ações militares na Venezuela. Ainda vale lembrar que a tentativa de sublevação dos quartéis feita por Olavo de Carvalho e chancelada por Bolsonaro também poderia ser considerado crime de responsabilidade uma vez que as atitudes promoveram a desobediência e indisciplina na caserna. A demissão do fiscal do IBAMA que lhe multou não precisa nem de comentários... A censura ao comercial  do Banco do Brasil também! A condecoração dos seus filhos certamente se fosse Lulinha Jr no lugar de Flávio e Eduardo e Lula pai no lugar de Bolsonaro também dariam facilmente um impeachment. Ou seja, Bolsonaro mente (mais uma vez) quando diz que teme um impeachment caso barrasse o fundão aos partidos. Bolsonaro na cometeu crime de responsabilidade e o que não falta é argumentação para removê-lo do Planalto. Sendo assim, reafirmo: Bolsonaro já cometeu uma quantidade suficiente de crimes de responsabilidade. Não será o fundão o responsável por derrubá-lo (o que não é o caso). Bolsonaro apenas se esconde mais uma vez da responsabilidade. A Lei Orçamentária não foi sancionada pelo Presidente! Como não está vigente, não se aplica o art. 85 da Constituição nesse caso. O Bolsonaro não corre risco de cometer um crime de responsabilidade fiscal se vetar o aumento do Fundão. O que Bolsonaro teme é ficar mal e fustigar ainda mais a sua base eleitoral que já está fragilizada. Bolsonaro teme mais uma vez exportar seus seguidores para a conta do ex-juiz Sérgio Moro ou até mesmo do outro ex-magistrado Wilson Witzel. Ambos virtuais oponentes em 2022. O presidente viu o estrago que causou ao aprovar o juiz de garantias e teme que isso se repita. Ele quer e precisa do fundo, mas teme também perder capital político com seus eleitores. Entre a cruz e a espada. Ou melhor: Entre o fundão e o Moro.
Este artigo não reflete necessariamente a opinião da Revista Fórum