Bolsonaro mostrou que as instituições estão mais fortes do que nunca. O que falta para o impeachment?

Leia na coluna de Cleber Lourenço: Não é por menos que Bolsonaro esteja tentando negociar apoios com o bloco político conhecido como centrão. Além de temer o impeachment, o presidente também sabe que seu governo se tornou ingovernável

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Aos adultos: ações no STF, decisões da justiça Federal e inquéritos da PGR contra a família presidencial.

Para as crianças: até mesmo o serviço de streaming Twitch TV baniu o Jair Renan Bolsonaro.

Piadas à parte, as coisas não estão fáceis para a família Bolsonaro, acostumada por anos ao repouso em sombra e repouso nas casas legislativas, e que agora, para o terror do restante do país, estão precisando trabalhar.

Mas para a sorte do país, as instituições resolveram atuar para impedir o descalabro bolsonarista. Em outras palavras: para o bem do Brasil, as instituições estão impedindo que Jair Bolsonaro trabalhe.

O presidente já é o ocupante do Palácio do Planalto que menos teve MPs aprovadas, de forma disparada, e ainda sofre com uma série de derrotas e ações no Supremo Tribunal Federal.

O plenário do STF decidiu por unanimidade que governadores e prefeitos podem baixar medidas restritivas e também impediu a suspensão do DPVAT.

Os ministros também impediram que Bolsonaro usasse dinheiro público para fazer campanha contra o isolamento social, entre outras coisas.

Desde a saída de Sérgio Moro do governo, um festival de ações e decisões da Justiça estão fazendo a Advocacia Geral da União trabalhar ao máximo para evitar mais humilhações ao governo.

A Justiça Federal obrigou Bolsonaro, por duas vezes, a mostrar os resultados de seus testes para Covid-19 em uma ação protocolada pelo jornal Estadão. Nesta sexta-feira (1) ele também foi acionado na Justiça para mostrar provas de fraude nas eleições de 2018 e que ele afirma ter.

Além disso a Procuradoria-Geral da República instaurou dois inquéritos que atingem diretamente o presidente, um sobre as manifestações que defendiam o AI-5 e que tiveram envolvimento direto de parlamentares da base bolsonarista e outro para apurar as acusações feitas pelo ex-ministro Sérgio Moro.

O governo sequer consegue indicar reitores sem interpelações judiciais, como Abraham Weintraub, que havia coloca como reitor pró-tempore um professor filiado ao PSL indicado pelo deputado federal general Girão e teve a nomeação negada pela justiça.

A Justiça não só suspendeu a intervenção como também mandou o MEC nomear reitor eleito do IFRN em 24 horas.

Sim, inclusive a exigência de prazos absolutamente curtos também virou rotina. O próprio ministro Celso de Mello mandou a Polícia Federal ouvir Moro em até 5 dias sobre as acusações realizadas por ele.

As coisas definitivamente não estão fáceis para a família que está flagrantemente empenhada em acabar com o país e seus habitantes.

Até mesmo Rodrigo Maia, que anda sumido, também colocou à disposição da oposição até 6 medidas provisórias do presidente para que fossem deliberadamente caducadas.

Eu já havia pontuado no final de março que Jair Bolsonaro teria tornado o país ingovernável para si próprio, lembro que até disse:

“Se Bolsonaro não for removido por um impeachment, ficará restrito a governar através de medidas provisórias que, a depender de seu conteúdo, ainda serão barradas pelos parlamentares ou pela Justiça”

Não é por menos que Bolsonaro esteja tentando negociar apoios com o bloco político conhecido como centrão. Além de temer o impeachment, o presidente também sabe que seu governo se tornou ingovernável (para a nossa sorte).

Resta saber a quem interessa manter um presidente que não preside e manter o país nesse misto de convulsão com sangria e não seguir adiante com um processo de impeachment para que o país possa avançar.

Enquanto isso, o que restou para as instituições é seguir realizando a contenção e o enquadramento do presidente dentro dos moldes institucionais e até mesmo restringindo a governabilidade deste inconsequente.

E assim fica, nem lá, nem cá, o combalido governo daquele que para alguns era o mais prolífico aspirante a novo ditador do país.

Mas eu já havia, também, avisado aqui em outras dezenas de colunas, que essa tentativa de intentona amalucada do presidente não iria sair dos domínios de seus devaneios.