CPMI das fake news e o bolsonarismo em desencanto

Cleber Lourenço: “O bolsonarismo está cada vez mais encastelado em suas convicções fora da realidade e, aos poucos, entramos em um terreno perigoso”

Foto: Agência Brasil
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A instauração da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre as fake news mostrou que a base do governo segue dinamitada, se há alguma base, além das camisas de força e da truculência do PSL, é claro. A derrota também mostrou que, ao primeiro sinal, o impeachment poderá passar sem muito esforço, com um governo fragilizado. É o bolsonarismo em desencanto. Inscreva-se no nosso Canal do YouTube, ative o sininho e passe a assistir ao nosso conteúdo exclusivo. Outro ponto também que me chamou a atenção foi que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, ao autorizar a CPMI, deixou claro os motivos que levaram a cabeça de Onyx estar a prêmio. Alcolumbre foi colocado na presidência do Senado em uma articulação pra lá de atrapalhada do ministro-chefe da Casa Civil, que era tido como mentor do atual presidente do Senado. No entanto, ele mostrou que é independente. E mais, faz parte do mesmo grupo político de Rodrigo Maia, que é contrário ao ministro. Acontece que Onyx, que nunca foi um político habilidoso ou relevante, agora desempenha seu trabalho como ministro com a mesma relevância de quando era parlamentar. Ele está sumido e no planalto bolsonarista todos nós sabemos o que isso significa. Outra coisa que a CPMI deixou claro: caso a reforma passe, será inteiramente por causa de Rodrigo Maia, e na articulação do centrão, não há um dedo sequer do governo, se não o lobby para os policiais. Fora isso, se dependesse do governo poderíamos dormir tranquilos sabendo que a reforma jamais seria aprovada. O que é engraçado, já que nas últimas manifestações bolsonaristas eles diziam apoiar a reforma da Previdência, enquanto atacavam o centrão. Logo o centrão, que é fiador da reforma defendida por eles. Risos. Acontece que Bolsonaro, como um bom populista, não possui coragem para enfrentar o ônus de tocar uma reforma impopular e nociva aos trabalhadores. Então, uniu-se o útil ao agradável, a incapacidade e a covardia. Abriu-se caminho para Rodrigo Maia. O bolsonarismo está cada vez mais encastelado em suas convicções fora da realidade e, aos poucos, entramos em um terreno perigoso. Quanto mais encurralado e isolado se torna o governo, mais arisco e hostil ele fica. O mesmo processo acontece com Moro, conforme relatei aqui mais cedo. O mercado, aos poucos, vai desembarcando e abandonando Jair Bolsonaro, com raras exceções, como os fanáticos do grupo empresarial Brasil 200. Os ataques contra as instituições irão se intensificar. Agora, a única coisa que não dá para entender é o desespero do PSL como um todo com a comissão. Já está entrando com ações no STF e recursos em tudo quanto é instância. Não entendo o desespero! Não são eles que vivem pregando a máxima do “Quem não deve não teme?”. Se esta é a lógica, do que o PSL tem medo? Desafio os bolsonaristas de plantão a me dizerem qual é o medo de uma CPMI sobre fake news nas eleições. O recado mais importante que a CPMI poderia nos dar é: o governo não tem como se defender de um impeachment.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.