Deltanzinho (do Moro) sai na frente para 2022 e deixa Bolsonaro comendo poeira

Leia na coluna de Cleber Lourenço: "O objetivo da operação sempre foi lançar-se nas urnas"

Foto: ArquivoCréditos: Jorge Araújo/FolhaPress
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Embora o presidente Jair Bolsonaro não esconda o seu ávido interesse em 2022 (caso chegue até lá), ainda faz suas “campanhas” com certa discrição. Imoral? Sim, mas pelo menos se preocupa em manter alguma etiqueta.

Infelizmente não é o caso da força-tarefa da Lava Jato e dos seus membros. Hoje, durante uma entrevista à CNN Brasil, Deltan Dallagnol disse "passou a interessar ao governo e aos seus aliados a desconstrução do ex-ministro Sergio Moro e da Lava Jato, de que ele é símbolo, pelo receio de que ele venha eventualmente a concorrer em 2022".

O que Moro não diz é que a investigação da PGR busca apurar as coisas estranhas que acontecem em Curitiba como, por exemplo, o sumiço dos dois sistemas de grampos (guardião), entre outras coisas. Além disso temos a aliança espúria com estrangeiros contra alvos brasileiros.

Hoje mesmo o ministro do TCU, Bruno Dantas, mandou investigar a compra de todos os equipamentos para gravação de ramais internos e interceptação telefônica que podem ter sido usados para grampos ilegais.

E, como sempre, quando a Lava Jato é obrigada a seguir a lei, uma gritaria enorme se estabelece afirmando que querem acabar com a operação.

As palavras têm sentido! Ué, se eles julgam que a Lava Jato segue em risco toda vez que precisa seguir a lei, onde será que está o problema?

E tudo isso tendo como cenário a operação contra José Serra, aquele do PSDB, o mesmo PSDB de FHC, aquele que Moro não gostaria de melindrar.

A Lava Jato deu a mão para não perder o braço. Com isso, buscará uma sobrevida para se dizer independente e que não é movida por interesses partidários.

O que já uma estrondosa mentira, mais uma vez. Vamos voltar para o episódio do pedágio onde a concessionária Rodonorte, que opera parte do pedágio nas rodovias do Paraná, firmou um acordo de leniência com o Ministério Público Federal. Além do “desconto” de 30% na tarifa, a empresa precisou distribuir uma propaganda da Lava Jato.

Agora reparem na prepotência e no tom de propaganda eleitoral que acompanha o texto:

“O valor do pedágio foi reduzido em 30% [ou percentual aplicado no momento] porque recursos provenientes de corrupção foram recuperados pela Operação Lava Jato e aplicados em benefício do usuário”.

E também, mais uma vez, eu pergunto para vocês: quando, na história deste país, uma operação fez panfletagem escancarada se promovendo? E com que objetivo a operação fez isso?

E aí, nesse episódio, Deltan já deveria ter sido impedido de seguir na força-tarefa.

E veja só como o objetivo da “panfletagem da Rodonorte” fica claro. Em 2016, Deltan, em uma conversa com Vladimir Aras (que até então era membro do grupo de trabalho da lava jato na PGR), disse:

“Ajuda se o MPF lançar um candidato por Estado. Seria totalmente diferente e daria trabalho, mas pode ser uma das estratégias para uma saída.”

Então, sim, o objetivo da operação sempre foi lançar-se nas urnas.

EM TEMPO

A Lava Jato alfinetou a PGR e nem fez questão de disfarçar o motivo da opípara operação que atingiu José Serra: limpar a barra.

Em nota, disse: "Em um momento de incertezas, a força-tarefa Lava Jato (...) reafirma seu compromisso com um (...) isento (...). As investigações seguem em sigilo".

Pelo visto, hoje a operação decidiu desavergonhar-se de qualquer limite e correr para a sinceridade corrosiva.

Que irônico (para não dizer triste). Foi no governo Bolsonaro que a Lava Jato esbarrou com os limites da lei e da legalidade.

 Pois é...

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum