Exército brasileiro homenageia nazista e passa vergonha nas redes

Cleber Lourenço: “Os bolsonaristas, em questão, mal apareceram, uma vez que a situação os colocaria em xeque. Afinal de contas, eles acreditam que o nazismo é de esquerda”

Reprodução/Twitter
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Geralmente escrevo uma vez por dia por aqui, mas às vezes a insensatez me obriga a escrever mais. No início da noite desta segunda-feira (1), o Exército brasileiro decidiu homenagear, via Twitter, o major alemão Eduard Ernest Tito Otto Maximilian von Westernhagen, morto por militantes do Comando Libertador Nacional (COLINA), organização criada por dissidentes da Política Operária (POLOP), em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Inscreva-se no nosso Canal do YouTube, ative o sininho e passe a assistir ao nosso conteúdo exclusivo. O que a publicação do Exército esqueceu de dizer, ou pelo menos tentou amenizar de forma pífia (explicarei mais a frente), foi o fato de que o militar alemão foi um combatente do Exército nazista. Sim, um súdito do Eixo! Não demorou muito para a publicação no Twitter oficial ser alvo de críticas. Os bolsonaristas, em questão, mal apareceram, uma vez que a situação os colocaria em xeque. Afinal de contas, eles acreditam que o nazismo é de esquerda. Caso façam a defesa do episódio, estariam defendendo o direito do Exército brasileiro de homenagear alguém que, na visão deles, é um esquerdista? Risos. Mas a verdade é dura. Menção honrosa para o trecho que decidiu chamar o major nazista de “sobrevivente da Segunda Guerra”. O pessoal do “Senta a Pua!” e do “A cobra vai fumar!” deve estar muito “honrado”. O sacrifício deles não valeu muito, pelo visto. Esse soldado nazista fez parte da frente oriental europeia, que teve início com a invasão da Polônia. Foi nesta frente que ocorreram as maiores atrocidades com campos de extermínio e marchas da morte. E o homenageado estava lá. Não é por menos que foi homenageado com uma Cruz de Cavaleiro - uma variante da Cruz de Ferro. Esta era a mais alta condecoração concedida pela Alemanha Nazista para reconhecer os atos a bravura em combate ou por uma liderança bem-sucedida e decisiva durante a Segunda Guerra Mundial. Mas não me surpreendo. Em um ano no qual um membro do Exército da comitiva presidencial foi pego traficando cocaína, e soldados são absolvidos depois de fuzilarem um carro de família e matarem duas pessoas, tudo é possível. Eu quero saber quando é que as instituições no Brasil voltarão a agir com responsabilidade.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.