MBL: Quando problemas pessoais se tornam militância política

O pai de Kim Kataguiri foi dono de uma empresa metalúrgica que atualmente responde a mais de 50 processos por não pagar direitos trabalhistas aos seus funcionários

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Quem viu, até o ano passado, Kim Kataguiri e o Movimento Brasil Livre (MBL) fazendo a defesa do combalido governo Temer e suas atrapalhadas reformas pode até acreditar que aquele jovem com pouco mais que 20 anos defende aquelas pautas por convicção e fé no neoliberalismo e estado mínimo. Há quatro anos (2015), Kim Kataguiri causou comoção e ufanismos em seus seguidores ao dizer: “Parabéns ao meu pai que, mesmo trabalhando durante décadas como metalúrgico, nunca foi petista :D” O que muitos não sabem é que a afirmação acima era parcialmente uma mentira, seu pai, Paulo Atuhiro Kataguiri, era de fato metalúrgico, mas nunca foi funcionário de chão de fábrica. Kataguiri pai foi dono de uma empresa metalúrgica que atualmente responde a mais de 50 processos por não pagar direitos trabalhistas aos seus funcionários. Um deles, o processo nº 0010251-18.2016.5.15.0085 – RTOrd – 26/07/2017 do TRT-15, considera que os sócios da Q C INDUSTRIA METALURGICA LTDA – EPP alteraram propositalmente os bens para falir a empresa e evitar pagamentos de direitos trabalhistas. Segue abaixo o trecho do processo: Determinada a desconsideração da personalidade jurídica da executada após decorrido o prazo para comprovação dos recolhimentos previdenciários, fiscais e das custas processuais, conforme estipulado no acordo, seus sócios gestores passaram a integrar o polo passivo desde o descumprimento da referida obrigação. A decisão da justiça ainda pede a inclusão do nome dos acusados no Banco Nacional dos Devedores Trabalhistas: Incluam-se os executados no Banco Nacional dos Devedores Trabalhistas, na situação positiva com garantia da execução, nos termos da Resolução Administrativa nº 1470 de 24.08.2011 do C. TST. Você pode conferir todos os processos clicando aqui. Mentira, uma arma recorrente Kim afirma ter abandonado o curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do ABC, alegando que “sabia mais que o professor, que não conhecia nem Milton Friedman, e o pessoal me chamava de reacinha”. Em resposta aos comentários de Kataguiri, o professor Ramon Vicente Garcia Fernandez, coordenador do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do ABC, foi procurado pelo portal iG e disse: “Esse aluno não teve contato com nenhum professor de economia da nossa faculdade. Temos disciplinas como história do pensamento econômico que passam pelos economistas liberais”. O coordenador explicou que ele foi apenas aluno de bacharelado em Ciências e Humanidades, curso de ingresso na Universidade Federal do ABC, ao término do qual é possível escolher matricular-se nos cursos de Filosofia, Ciências Econômicas e Políticas Públicas. Outra liderança enrolada Renan Antônio Ferreira dos Santos, um dos três coordenadores nacionais do MBL (Movimento Brasil Livre), é também réu em, pelo menos, 16 ações cíveis e mais 45 processos trabalhistas, incluindo os que estão em seu nome e o das empresas em que é sócio. As acusações incluem fechamento fraudulento de empresas, dívidas fiscais, fraude contra credores, calote em pagamento de dívidas trabalhistas e ações de danos morais, num total de R$ 4,9 milhões. Além dessas ações cíveis, a Martin Artefatos de Metal, empresa de que Renan é sócio, possui 45 processos trabalhistas nos tribunais de São Paulo e Campinas. Eles acumulam condenações que ultrapassam R$ 1,5 milhão. Reformas O MBL, principal porta-voz do governo na defesa das reformas trabalhista e da previdência, produz constantemente conteúdo para conquistar o apoio da população. Em 2016, Moreira Franco, secretário do Programa de Parcerias e Investimentos, realizou uma série de encontros com o grupo para pedir ajuda e foi prontamente atendido. Aparentemente, os interesses do MBL nas reformas vão além da ideologia e convicção. Quando olhamos o histórico de seus líderes e fundadores fica evidente que tudo não passa de uma vingança contra os trabalhadores.