Mentiram para você. Não existe velha ou nova política

Cleber Lourenço: “A política é uma só, podendo ser feita de forma boa ou de forma ruim, como qualquer coisa. Fora disso ficam os promotores da gritaria, truculência e ignorância deliberada”

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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A política tem origem no termo grego “politiké”, que é a união de outras duas palavras gregas: “polis” e “tikós”. “Polis” significa cidade e “tikós” é um termo que significa o bem comum dos cidadãos. Antes de qualquer ensaio sobre o assunto é necessário entender o básico. Esclarecidos os pontos, você acha que o governo faz política? Com o desemprego se alastrando de forma endêmica, eu acredito que não. Inscreva-se no nosso Canal do YouTube, ative o sininho e passe a assistir ao nosso conteúdo exclusivo Em qualquer lugar do mundo onde não impere uma ditadura ou monarquia, prefeitos, presidente e governadores governam através de negociações, debates, diálogos e discussões, ações corriqueiras que qualquer um de nós realiza em uma reunião de condomínio, numa associação de moradores, no trabalho, na igreja. O que muda são as moedas de troca em cada situação, dinheiro, influência, favores. Isso não é a velha política, é a política simples como ela é. Quando indivíduos ou grupos divergem sobre um mesmo tema só há duas soluções: recorrer à força, violência e confronto ou sentar e negociar condições favoráveis para ambos os lados. Então, é simples, se existisse a tal “nova política” ela seria a mediação de conflitos no braço, na truculência, mordaça e cala boca. Não é por menos que a “vanguarda da nova política” constantemente é flagrada em demonstrações de ódio, enaltecendo a violência e relativizando crimes como o assassinato. A política, simples e pura, busca um consenso para a convivência pacífica em comunidade. Por isso, ela é necessária porque vivemos em sociedade e porque nem todos os seus membros pensam igual. Logo, o que está em jogo não é o embate entre a velha e a nova política e, sim, entre o diálogo e truculência. E se você balançou a bandeira dessa “nova” política, sinto dizer, mas você foi ludibriado com a mesma maestria de alguns publicitários, que a cada dois meses reinventam o liquidificador e fazem as vendas do novo produto, falando mal do aparelho velho, que eles mesmos venderam durante anos. Infelizmente, ficou impregnado em nossa sociedade que acordos e alianças são necessariamente corrupção, como se um simples diálogo entre grupos políticos já configurasse subitamente uma espécie de caixa dois moral, um crime passível de linchamento em praça pública. Sim, estão tentando matar o diálogo! Você consegue enxergar o quanto isso é absurdo? Acontece que essa “nova política” se tornou um partido que, aos poucos, foi orientando (de forma intencional) mal a atenção da nação com a destreza de Harry Houdini, enquanto caminhávamos para a barbaridade, a violência e o descontrole. A política é uma só, podendo ser feita de forma boa ou de forma ruim, como qualquer coisa. Fora disso ficam os promotores da gritaria, truculência e ignorância deliberada. E o Congresso e as demais instituições, incapazes de antecipar a capacidade gigantesca de disseminação de mentiras e pós-verdades, falharam em incluir no negócio o único requerimento que teria mudado nosso discurso natural imensuravelmente para melhor. Esqueceram de adicionar que debaixo de nenhuma circunstância a fiscalização do poder legislativo deveria ser com base em soluções simples para problemas complexos ou em torno de um inimigo em comum para toda a nação.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.