Não demonstrou força, demonstrou fraqueza

Leia na coluna de Cleber Lourenço: Nenhum general, nem mesmo Heleno, Braga Netto ou Mourão, nenhuma cor verde-oliva na rampa do Planalto. Falou sozinho, quase que um pedido de socorro

Foto: Reprodução/Vídeo
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No auge do já habitual descalabro que é o governo Bolsonaro, o presidente tentou fazer um “grande acordo nacional”, sem o Supremo e sem tudo, apenas com sua base de desvairados que se envergonha cada vez mais em apoiar o presidente.

Ontem eu fiz uma série de publicações no meu Twitter pontuando que suas bravatas de que “as Forças Armadas” o apoiavam e de que estaria “no limite” eram nada mais do que os berros de alguém desesperado. Ele sequer teve coragem de falar que iria nomear novamente Alexandre Ramagem como diretor da Polícia Federal, apenas disse que iria nomear alguém.

https://twitter.com/ocolunista_/status/1257271385015156736

Não são apenas as falas em off de generais para jornalistas que indicam isso, mas os fatos. Se as Forças Armadas estão tão ao lado de Bolsonaro como o próprio afirma, onde estavam os militares ao seu lado no domingo (03)? Nenhum general, nem mesmo Heleno, Braga Netto ou Mourão, nenhuma cor verde-oliva na rampa do Planalto. Falou sozinho, quase que um pedido de socorro.

Para completar o tormento do presidente, seu ex-ministro da Justiça saiu do governo direto para a superintendência da PF em Curitiba onde deu um depoimento de quase 6h, tudo isso enquanto enfrenta inquéritos e ações na Justiça, até mesmo para revelar o resultado do seu teste para Covid-19.

Não, os militares não vão entrar em uma intentona delirante com os milicianos e os 30 (que acham que são 300) de Brasília. Roteiro de Hollywood. Na capital do país as coisas não são assim.

As Forças Armadas estão passando pano e tentando segurar o governo? Sim. Mas não passará disso, ficarão na moldura institucional.

Eles suportam o governo pois foram fiadores do governo, só não querem manchar ainda mais sua imagem.

Uma espécie de “redução de danos” para os militares, que acaba sendo extremamente danosa para o país.

Os ministros do governo não conseguem sequer nomear um reitor sem tomar enquadro da Justiça Federal (notem, não é nem o STF).

E embora conte com algumas fileiras das Polícias Militares nos estados e das patentes mais baixas nas Forças Armadas, não é nada que possa financiar um golpe, por isso pede socorro.

O problema na verdade vem do Congresso Nacional, que não pune e cassa o mandato dos parlamentares que participam e patrocinam essas manifestações.