O nome do hacker: acesso remoto

Cleber Lourenço: "É fato! Nem o The Intercept Brasil, nem Leandro Demori (editor executivo do portal) chegaram a falar sobre quem ou como a fonte conseguiu acesso aos documentos da lava jato"

Foto: Eduardo Matysiak
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É fato! Nem o The Intercept Brasil, nem Leandro Demori (editor executivo do portal) chegaram a falar sobre quem ou como a fonte conseguiu acesso aos documentos da Lava Jato. Quem surgiu com as teorias amalucadas sobre um suposto Hacker russo (soviético para alguns) foi Sérgio Moro e a MPF em Curitiba (apelidada carinhosamente por este colunista como Gestapo de Curitiba), a extrema-direita não perdeu tempo em validar a suposição com outras teorias mais vergonhosas envolvendo bitcoins, erros grosseiros de escrita em inglês e o fantasma da União Soviética. Mas e se não existisse hacker algum? E se fosse na verdade um descuido, um ato falho que tenha desestruturado aqueles que se julgavam mais eternos que os diamantes? Por um lado a teoria do  hacker é cômoda, permite aos envolvidos tentarem desmerecer os vazamentos, partidarizarem o tema e ainda satisfazer as hordas de malucos inquietos e que defendem todo e qualquer sinal de calamidade no Palácio do Planalto. Vamos aos fatos: 4 de junho de 2016 Isabel Groba – 07:39:57 – Alguém vai hoje ou amanhã na FT? Eu precisava que fosse ligado o computador que eu uso para fazer acesso remoto... Pelo visto o acesso remoto era comum no MPF de Curitiba, um ano depois da mensagem de Isabel Groba, Deltan mostra ligeira preocupação com o uso indiscriminado do acesso remoto nas mensagens com o colega Carlos Fernando. 13 de março de 2017 Deltan para Carlos Fernando 13:11:42 Deltan Não comenta com ninguém e me assegura que teu telegram não tá aberto aí no computador e que outras pessoas não estão vendo por aí, que falo Isso explicaria a história bizarra do Hacker que tentou invadir o telefone do Moro dias antes da primeira denúncia do The Intercept Brasil. Alguém, no caso certamente cantou a bola para o ministro, e então começou a construção da narrativa do “Hacker aqui” com Moro, aparentemente algo para resguarda-lo de alguma coisa que estaria por vir. Agora, alguém acessou os PCs de quem ficava em acesso remoto e entregou tudo de forma delibera? Resta saber se alguém internamente deixou o acesso remoto aberto para registrar tudo de propósito ou alguém se aproveitou de algum deslize e registrou as conversas. Um caminho mais confortável, uma trama de nível internacional no lugar do desleixo de alguém. É algo muito mais plausível do que o vexame da Revista IstoÉ. De todas as falhas que o jornalismo brasileiro já cometeu, desde o episódio envolvendo a escola base até o caso Eloá desta vez a revista se mostrou determinada em enterrar o pouco que havia sobrado de credibilidade do jornalismo brasileiro. Uma teoria cheia de falhas, entre elas a mais gritante, a matéria diz: “jornalista Glenn Greenwald, dono do site The Intercept Brasil”. Acontece que o dono de fato do Intercept é Pierre Omidyar, fundador do eBay! O pior de tudo é assistir grandes portais de jornalismo comprando uma narrativa digna de portais de extrema-direita, fazendo a realidade dobrar aos fatos. Dentre as hipóteses estapafúrdias e delírios paranoicos, levanto a hipótese de trabalho interno, nada de hackers, espiões ou roteiros de filmes do 007, trago para vocês a vida real, menos emocionante, menos dinâmica e mais possível. Para a infelicidade da extrema-direita brasileira nome do hacker pode ser: Aceso remoto.  
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.