O que podemos encontrar na entrevista de Mourão à Folha?

Acima de tudo Mourão usou a entrevista para fazer um aceno à sociedade, um singelo “estou aqui”

Hamilton Mourão (Reprodução/TV Globo)
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O vice-presidente General Mourão deu uma entrevista excelente ao jornal Folha de São Paulo, falou sobre o Brasil atual e seus fatos e deixou algumas falas que chamam a atenção. Acima de tudo Mourão usou a entrevista para fazer um aceno à sociedade, um singelo “estou aqui”.

O que encontramos lá é um Mourão se colocando como alguém preparado para lidar com o país e suas diferenças. Em ao menos 2 momentos ele usa a palavra “consenso” para ilustrar como o governo deve trabalhar:

“Aí, tem de deixar um pouco o individualismo de lado e buscar mais uma vez construir o consenso".

“Em uma estrutura política, isso não funciona desse jeito (comparando com a estrutura militar). A coordenação é muito mais no sistema do consenso, na busca do entendimento e na busca dos melhores propósitos".

Ele ainda faz uma fala no mínimo intrigante quando questionado sobre a relutância do presidente Bolsonaro de não mostrar o exame que ele afirma ser negativo para o vírus:

"Acho que tem de confiar na palavra do presidente. Seria o pior dos mundos o presidente chegar e declarar que testou e deu negativo e depois aparecer que deu positivo".

Fora isso, ele buscou grifar em diversos momentos o quão grosseiro e truculento o presidente é, quase que dizendo: ele é aquilo ali e não vai melhorar.

Ele também acenou para a imprensa e disse que ela está fazendo o papel dela e está informando. Indo mais uma vez na contramão do número 1 na chapa, isso sem falar do fato que a entrevista foi realizada para a Folha de São Paulo, o jornal que Bolsonaro têm como seu principal “inimigo” depois das organizações Globo.

Ele também foi totalmente contra o posicionamento do presidente em relação ao combate contra o coronavírus, defendendo a quarentena e uma maior cautela e precisão nas ações.

O posicionamento inclusive vem muito do seu alinhamento com as forças armadas que passaram os últimos dias trabalhando em ações pelo país de prevenção e combate. Assim como o pronunciamento do comandante do Exército brasileiro que também foi na contramão do presidente e que ainda não citou Bolsonaro na cadeia de comando.