Os militares vão amargar a primeira derrota de se aliarem ao governo Bolsonaro

Leia na coluna de Cleber Lourenço: A postura quadrúpede das Forças Armadas com o presidente Bolsonaro também vai fustigando o prestígio da instituição que é valente com os ministros do Supremo Tribunal Federal, mas se emudece para os descalabros conduzidos pelo governo federal em todas as suas instâncias

Bolsonaro com militares - Foto: Marcos Corrêa/PR
Escrito en OPINIÃO el

Os militares sempre ocuparam uma posição de prestígio na sociedade brasileira. Mesmo com as mamatas das pensões e aposentadorias, estavam ali, sempre bem vistos. 

Eram sinônimo de competência, eficiência logística e operacional. Não por menos, acabaram assumindo o posto de "empreiteiros e zeladores" da pátria.

Não sobreviveram ao Bolsonaro que encheu o Ministério da Saúde de militares. O que aconteceu? O mais completo espetáculo de incompetência. Não liberam recursos para estados e municípios, defendem a cloroquina como uma espécie de panaceia, lembrando que, desde que o general Pazzuelo assumiu a pasta, a quantidade de mortes disparou, colocando o Brasil no posto de “capital mundial” do coronavírus.

Com três meses de crise, apenas hoje (05) o governo conseguiu inaugurar seu primeiro hospital de campanha. A postura quadrúpede das Forças Armadas com o presidente Bolsonaro também vai fustigando o prestígio da instituição que é valente com os ministros do Supremo Tribunal Federal, mas se emudece para os descalabros conduzidos pelo governo federal em todas as suas instâncias.

Moro, que ainda goza de grande prestígio da sociedade civil brasileira, também ajudou. No racha entre Bolsonaro e Moro, escolheram Bolsonaro e isso também terá um custo grave.

O vexame com o “drible” dos dados da covid-19 que agora é publicado após os noticiários nacionais do período da noite, feito sob a batuta dos fardados que infestam o Ministério da Saúde, deixa impresso aquilo que os militares fazem de melhor quando são incompetentes: esquivar-se dos fatos.

Em maio eu já havia falado: o Exército age com o mesmo receituário desastrado da década de 70, quando ao invés de tratar o surto de meningite com medicina, resolveu tratar com cassetete e censura. Ficou a censura, mesmo que capenga.

Mesmo no auge da ditadura militar brasileira, ainda tínhamos médicos e especialistas da área da saúde no ministério, hoje nem isso temos.

Enquanto isso militares e centrão disputam ombro a ombro os mais de 20 mil cargos comissionados no governo brasileiro. Sim, disputam cargos com gente como Waldemar da Costa Neto, Roberto Jefferson e outros notórios corruptos e frequentadores contumazes de investigações da Polícia Federal.

É com essa gente que o Exército brasileiro está se chafurdando.

Em tempo:

Uma comissão do Congresso dos Estados Unidos da América emitiu ontem a seguinte nota:

"Nós nos opomos fortemente a buscar qualquer tipo de acordo comercial com o governo Bolsonaro no Brasil. O aprimoramento do relacionamento econômico entre os EUA e o Brasil, neste momento, iria minar os esforços dos defensores dos direitos humanos, trabalhistas e ambientais brasileiros para promover o estado de direito e proteger e preservar comunidades marginalizadas".

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum

Temas