Queiroz, Alexandre, Lava Jato e mais coincidências

Eu já alertei aqui sobre a rota de colisão entre Moro e Bolsonaro. Também pontuei que quando chegar a hora , o Partido Lavajatista irá tomar o bolsonarismo para si

Procuradores da Lava Jato em Curitiba (Foto: Reprodução/ Twitter/ Jerusa Viecili)
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Definitivamente o Partido Lavajatista é um ambiente cercado de coincidências que extrapolam o limite do razoável. Digo isso com base em dois pontos: o primeiro é aquela escabrosa história envolvendo Eduardo Cunha e sua esposa que apontei há uns meses atrás. Longe de qualquer ilação ou acusação. O artigo de hoje tem apenas como objetivo reforçar aqui o meu desconforto com certas “coincidências”. Deixarei as conclusões para você, caro leitor. Ontem algumas notícias tomaram o topo dos noticiários do país, vamos para algumas delas: Nesta última sexta-feira (13) o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, durante uma entrevista para o jornal O Estado de São Paulo (Estadão) disse que a Lava Jato ‘destruiu empresas’ e que o Ministério Público é pouco transparente. Dois dias depois, no domingo (15), um grampo da polícia federal flagra o ministro do STF, Alexandre de Moraes, tentando livrar a cara de um desembargador, revelado pela Folha de S. Paulo. Após mais dois dias, Alexandre de Moraes, arquiva pedido para investigar Jair Bolsonaro e seu filho, Carlos, no caso Marielle por suposta obstrução de justiça. As manchetes se conversam Quem acompanha a Lava Jato sabe que o modus operandi foi semelhante ao que envolve a revista Crusoé. Falei sobre o episódio com detalhes em junho deste ano, recomendo a leitura. O Partido Lavajatista contou com a prepotência dos ministros para censurar a revista e acertou em cheio. Um “vazamento” oportunista para a Revista. Ainda em março o STF havia informado que iria investigar possíveis agitadores contra o Judiciário, entre eles estava Deltan Dallagnol. Acontece que o mesmo Deltan, na mesma semana, também tomou outra invertida do STF. Após tentar abocanhar o fundo bilionário da Petrobras, o ministro Alexandre de Moraes concedeu liminar para suspender o acordo firmado entre a empresa e procuradores da força-tarefa da Lava Jato. Além disso ele também determinou o imediato bloqueio de todos os valores depositados pela Petrobras. Na ocasião, a decisão teria sido tomada a pedido da procuradora-geral da República (PGR), que recorreu à Corte contra a criação da fundação. E melhor ainda: Alexandre de Moraes que barrou o fundo bilionário é o mesmo que “censurou” a revista Crusoé, a mais nova queridinha da extrema-direita brasileira. Ou seja, o Partido Lavajatista encurralou o ministro e o STF. Colocou todos onde queria e, então, apenas assistiu a magia acontecer, a fritura pública do STF com a censura não poderia ter vindo em melhor hora, nem se Deltan pedisse sairia tão bom. E agora, o mesmo Alexandre de Morais está envolvido na história dos grampos e do arquivamento das investigações contra a família Bolsonaro. Coincidência que só o Partido Lavajatista pode nos proporcionar. Flávio, Queiroz e mais lava jato E a coisa toda não para por aí! O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) cumpriu na manhã desta quarta-feira (18) uma série de mandados de busca e apreensão em endereços de ex-assessores do ex-deputado estadual e atual senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Entre os alvos estão Fabrício Queiroz e a parentes da ex-mulher de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle. Coincidentemente, no mesmo dia e também pela manhã a Polícia Federal deflagrou a 70ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Óbolo. Os agentes da PF cumprem 12 mandados de busca e apreensão em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Niterói. Sim, a PF comandada por Sérgio Moro. Eu já alertei aqui sobre a rota de colisão entre Moro e Bolsonaro. Também pontuei que quando chegar a hora , o Partido Lavajatista irá tomar o bolsonarismo para si. Mas enquanto essa hora não chega, temos estas estranhas coincidências. Já falei: para o bem da República, para o bem do país, a lava jato precisa acabar. Isso não é justiça, isso não é combate à corrupção. Isso é uma agenda política sendo imposta.
Este texto não necessariamente reflete a linha de pensamento e a opinião da Revista Fórum

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