Racha no centrão impede impeachment e pode ser obra dos militares

Leia na coluna de Cleber Lourenço: Mesmo que Brasília esteja tomada por incertezas, todos os parlamentares ouvidos por esta coluna afirmam que, embora os militares estejam costurando um acordo para sustentar o governo, a chance de embarcarem em uma intentona autoritária com Bolsonaro são remotas e praticamente nulas

Jair Bolsonaro em inauguração de colégio militar em SP (Foto: Carolina Antunes/PR)
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Ainda seguindo a minha série de conversas com parlamentares em Brasília, todos foram taxativos: a cautela de Rodrigo Maia em abrir o processo de impeachment contra Jair Bolsonaro pode ter origem no possível racha entre parlamentares do centrão.

Aliás, quem estaria costurando a aliança do governo com os parlamentares do centrão seriam os próprios militares tentando segurar o descalabro que virou o governo, e isso atraiu alguns parlamentares para uma rodada de diálogos e negociações, que acabou causando a ameaça de racha no bloco.

Um parlamentar da bancada mineira, que preferiu não se identificar, afirma que o "Não irei negociar" dito ontem pelo presidente seria uma provocação dele aos que tentam costurar essa aliança.

Segundo ele, atualmente três deputados e lideranças no Congresso trabalham ativamente para essa cisão no bloco político: Zé Silva, Fred Costa e Diego Andrade, que são respectivamente líderes do Solidariedade, Patriotas e PSD.

Mesmo que Brasília esteja tomada por incertezas, todos os parlamentares ouvidos por esta coluna afirmam que, embora os militares estejam costurando um acordo para sustentar o governo, a chance de embarcarem em uma intentona autoritária com Bolsonaro são remotas e praticamente nulas.

Conversando com o deputado Enio Verri (PT-PR) sobre o racha, ele afirmou que é uma situação muito preocupante pois o centrão sempre foi de direita, mas acometido, e que a adesão do grupo ao discurso extremista do presidente poderia isolar Rodrigo Maia e agravar ainda mais a situação.

A deputada Erika Kokay foi pelo mesmo caminho e além: "Precisamos, acima de tudo, não só lutar pelo impeachment, mas também lutar e apresentar uma agenda alternativa para a população, caso o contrário eles irão apenas substituir Bolsonaro por outro ator do mercado", disse.

Aparentemente a incerteza tomou conta do Congresso Nacional.

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum