A Síndrome do Salvador Branco, por Ale Santos

O salvador branco não quer que a África tenha sua própria religião, pois ele considera primitiva, ele quer instalar suas igrejas e abrir hospitais e escolas alinhadas com sua fé para fazer proselitismo

Reprodução
Escrito en BLOGS el

*Por Ale Santos

O problema do "Salvador branco" são suas fórmulas prontas, seu pensamento colonial que considera suas estruturas superiores. Ele não abre o diálogo, não íntegra a cultura e a experiência de vida de uma comunidade em sua ação, ele só quer impor ou levar o seu modo de vida.

O salvador branco não quer impulsionar a arte na periferia, ele quer ensinar seus instrumentos, seu gosto, sua visão elitista. Ele não entende que a arte ja está lá e se quiser ajudar precisa escutar e entrar no ritmo.

O salvador branco não quer que a África tenha sua própria religião, pois ele considera primitiva, ele quer instalar suas igrejas e abrir hospitais e escolas alinhadas com sua fé para fazer proselitismo

O salvador branco não quer ajudar o pobre a se tornar médico, ele quer vender suas vacinas e ser reconhecido por isso.

Então não há como individualizar a ação, mesmo pessoas bem intencionadas, dentro dessas estruturas colonizadoras, se tornam salvadores brancos. Pois quando elas postam suas fotos, contribuem para o estereótipo de inferioridade do outro.

O salvador branco compensa a si mesmo com o senso de caridade e não é capaz de perceber quando ele está exterminando, com seu grupo, a essência cultural de um povo, suas tradições e seu orgulho próprio.

Ale Santos é escritor, Autor de Rastros de Resistência, Negro Drama do Storytelling e Afrofuturista.