apropriação cultural e roubo de protagonismo

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a quem serve a atomização dos movimentos sociais? se nem universitários podem apoiar secundaristas sem roubarem protagonismo, então o que não é "roubo de protagonismo"? se mulheres podem se apropriar do feminismo, então o que não é apropriação do feminismo? * * * hoje, na minha timeline, pessoas universitárias participando da ocupação das escolas paulistas foram acusadas de "roubar protagonismo". ou seja, estudante não pode mais apoiar estudante. afinal, estudam em níveis diferentes! * * * mês passado, jennifer lawrence se posicionou contra a discrepância salarial entre homens e mulheres em hollywood e foi acusada de se "apropriar" do discurso feminista. ou seja, o feminismo não é mais para todas as mulheres, só para algumas: se as outras, como lawrence, falarem em nome do feminismo, é "apropriação". * * * existe uma grande sinergia entre as pessoas militantes de causas sociais: é quase natural que uma pessoa militante anti-racismo também seja feminista, ou que uma pessoa feminista interseccional também lute contra a homofobia. "roubo de protagonismo" e "apropriação cultural" realmente existem. entretanto, ambos os conceitos vêm sendo usados para dividir em guetos cada vez mais estreitos pessoas militantes que poderiam estar marchando juntas. e, enquanto nos engalfinhamos para decidir quem é mais protagonista do quê ou quem se apropriou do quê que pertencia a quem, os outrofóbicos em brasília estão desmontando todas as nossas conquistas dos últimos quinze anos. e rindo das nossas briguinhas internas. * * * esquerda caviar