sei receber elogios, sim senhor

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elogio é diferente de assédio. chega de cantadas de rua. *** lá estou eu, indo para a padaria. um dia quente, toda suada, roupa de ficar em casa, havaianas. fui, inocentemente, comprar pão na padaria num dia bem quente. o rapaz do caixa, jovem, uma gracinha, diz: “desculpe faltar com o respeito com a senhora, mas queria te falar…” eu: “sim?”. “você é muito linda!”, disse ele, enrubescendo. e lá estava eu, pagando pelo pão, e respondendo “obrigada” no meio de risinhos. uma fofura. beijo vai beijo vem, mão pra cá mão pracolá, meu companheiro me diz “você é linda”, antes de dormir. respondo “eu sei!”, e deixamos pra dormir um pouco mais tarde. uma delícia. andando pela praia, escuto de relance: “hmm, que linda…”, precedendo de uma boa olhada de cima a baixo, da cabeça aos pés, de um homem que faz caras e bocas e “hmmmms” e outras onomatopéias. respondo “cala a boca, imbecil!”. um nojo. é a mesma frase. dita por um rapaz vendendo pão superfaturado no rio de janeiro. dita pelo meu companheiro (que normalmente é quem compra o pão, guardando os gatinhos da padaria só pra ele). dita por um homem estranho com o tom de quem analisa um filé migon suculento recém saído da churrasqueira. eu sei receber receber elogios muito bem, sim senhor! mas quem é que sabe fazê-los? -- veja também: pesquisa "chega de fiu-fiu", sobre cantadas de rua.