Que BBB! Por que a edição 22 tem sido considerada a mais chata do reality da Globo

Valor do prêmio, medo do "cancelamento" e falta de participantes que querem "jogar" têm sido apontados como motivos para o clima "paz e amor" dentro da casa, que desagrada grande parte do público

Em roda, participantes do BBB22 cantam louvores. (Foto: Reprodução/Globoplay)
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Faz três semanas que começou oficialmente o Big Brother Brasil 2022, e o programa ainda está longe de engrenar. Vinte e um dias parecem pouco tempo, mas nesse mesmo período no ano passado Karol Conká já havia sido "cancelada" na internet e Lucas Penteado desistia do reality após uma briga que envolveu quase toda a casa.

Desde que a edição de 2022 começou, têm sido frequentes as reclamações sobre a falta de polêmicas, discussões acaloradas e vontade de jogar dos participantes. Quase todos eles tem sido chamados de "plantas" - quando não movimentam o reality e, portanto, parece que nem participam - e os que "causam" têm sido enviados para o paredão, como Natália, que já se livrou duas vezes da berlinda, e Rodrigo, que foi eliminado na última semana.

Na formação do paredão deste domingo (6), mais uma vez o BBB foi parar nos assuntos mais comentados do Twitter por causa da falta de posicionamento dos brothers e sisters. Poucas pessoas deram motivos contundentes para votar uns nos outros e a maioria alegou "falta de afinidade".

Além disso, Eslovênia foi criticada por ter perdido 100 estalecas - espécie de "dinheiro" do BBB - e mesmo assim não ter recebido nenhum voto. Inclusive, a miss até tentou movimentar o jogo fazendo um casal com Lucas, mas a maioria dos comentários na internet é sobre o quanto o casal "não acrescenta em nada".

https://twitter.com/andrezadelgado/status/1490515597054164999?s=20&t=C-Ofy11hRvnyDCx88hl0Hg
https://twitter.com/matheus/status/1490519913814966273?s=20&t=C-Ofy11hRvnyDCx88hl0Hg
https://twitter.com/bchartsnet/status/1490516512238669826?s=20&t=C-Ofy11hRvnyDCx88hl0Hg

Valor do prêmio e cultura do "cancelamento"

Entre os motivos apontados para a falta de movimentação no BBB22 estão o valor do prêmio, o medo do cancelamento e a presença de pessoas muito famosas e que, portanto, não se importam tanto com o R$ 1,5 milhão. Esse é o caso do neto de Silvio Santos, Tiago Abravanel, que os fãs do programa alegam pensar que está "na Disney".

Comparar o BBB ao parque temático virou, inclusive, uma crítica aos participantes que querem clima de diversão e "paz e amor", e não o "fogo no parquinho" que tanto agrada aos fãs do reality.

O valor do prêmio, de R$ 1,5 milhão, segue sem reajuste há 12 anos, e perdeu metade do poder de compra. Segundo analistas, para se comparar ao do BBB 2010, o montante deveria ter subido para R$ 3 milhões.

Além disso, com o crescimento do mercado de influencers, a maioria das pessoas que sai do programa acaba lucrando mais com publicidade na internet. Esse é o caso de Kerline, primeira a deixar a disputa em 2021, e que conseguiu R$ 1 milhão apenas um ano depois de sair do reality.

O "cancelamento" ocorrido no ano passado, que chegou a prejudicar a carreira de algumas pessoas como Nego Di, Lumena, Projota e Karol Conká também pode ser uma das razões para o clima "paz e amor" em 2022. Com medo das críticas, muitas pessoas preferem ficar longe das polêmicas do sair manchadas do programa.

Mudança deve partir do BBB ou do público?

Para algumas pessoas, porém, o que precisa mudar não é a fórmula do reality, mas sim o pensamento do público. Pesquisadora e diretora da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Ivana Bentes questionou as críticas ao clima "paz e amor".

“É como se o programa não funcionasse se tivesse paz e amor, conversas mais civilizadas, mais tranquilas”, afirmou em entrevista ao Fórum Onze e Meia.

Para ela, seria ótimo se o reality tivesse “menos baixaria e sofrimento” e fosse um programa mais pedagógico, abordando assuntos como a transexualidade e o racismo de forma mais responsável.

“O programa deixa as pessoas sofrerem, terem transtornos psicológicos. É preciso ter muito cuidado. As pessoas querem ver baixaria? Não é o que elas querem ver, é o que o programa oferece. Precisa ter uma responsabilidade ética”, disse a professora.