Eleições mostram que elite brasileira é escravocrata

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ÉDILMA   O que aconteceu nos últimos dias da campanha eleitoral presidencial foi a reedição de uma tentativa de golpe eleitoral 25 anos depois. Em 1989, diante da possibilidade de vitória de Lula à presidência da República, a Globo e o Jornal Nacional editaram a cobertura do último debate eleitoral, de forma a favorecer o candidato Fernando Collor, em uma disputa que estava apertada. Naquele momento, o Brasil vivia em uma "encruzilhada histórica" como dizia o saudoso presidente do Partido Comunista do Brasil, João Amazonas: ou se definia por um caminho progressista ou se enveredava pelo modelo neoliberal. Os partidos de esquerda que apoiavam Lula naquele momento, PT a frente, não perceberam isto. A derrota teve consequências gravíssimas para a população brasileira que só não foram piores devido ao impeachment de Collor e a inabilidade do então presidente. Mas, de qualquer forma, abriu caminho para que o projeto neoliberal fosse tocado pelo PSDB com Fernando Henrique, cinco anos depois. Estatais privatizadas, desemprego alto, crescimento baixo, repressão aos movimentos sociais, tudo isto foi a tônica dos oito anos de governo do PSDB. Em 2014, com a perspectiva de levar novamente ao poder as forças neoliberais, o aparato midiático, simbolizado pelo tripé Veja-Globo-Folha tentou novamente dar um "golpe midiático". Só que desta vez, o PT e as forças de esquerda estavam mais atentas. A militância foi para as ruas, a blogosfera progressista funcionou como anteparo ao monopólio midiático e a própria população brasileira está mais amadurecida. Mesmo assim, vimos agora, 25 anos depois do vergonhoso episódio da edição do debate da Globo, a revista Veja antecipar sua edição semanal e transformar em notícia de capa um boato (produto de declaração de uma fonte pouco confiável, pois é um criminoso em delação premiada). Na sequência, Jornal Nacional e Folha de S. Paulo repercutem. Campanhas de ódio e de preconceito são disseminadas amplamente nas redes sociais, inclusive com mentiras como a notícia do "assassinato por petistas do doleiro Youssef". Enquanto isto, o problema da falta de água em São Paulo, produto da irresponsabilidade administrativa do governo estadual de SP pouco é tratada. Passeatas tucanas em São Paulo que reuniram alguns milhares de pessoas, são ditas que tinham 10 mil pessoas. A força de Dilma Roussef no nordeste brasileiro insuflou ainda mais o preconceito contra o povo nordestino, cuja maioria é negra. Discursos golpistas como o de que a presidenta não poderia governar caso fosse eleita porque  quem vota nela é dependente de benefício social são disseminados. Junto com eles, propostas de redução da maioridade penal, propostas fundamentalistas preconceituosas contra os homossexuais ganham as páginas. Enfim, é uma demonstração nítida de quem é a direita brasileira: racistas, preconceituosos, golpistas, antidemocráticos e que odeiam a turma de baixo. Falsos moralistas, pois ao mesmo tempo que apontam o dedo para as denúncias de corrupção nos governos petistas, escondem as suas (como o trensalão tucano, mensalão mineiro, caso da falta d'água em São Paulo). São filhos dos senhores de escravos, são aqueles que se incomodam em ter que dividir o espaço do aeroporto com trabalhadores, as universidades com negros e negras, pagar direitos trabalhistas para as domésticas, serem proibidos de discriminar homossexuais. São os "criadores de mídia" que se irritam com o movimento negro denunciando o racismo e o machismo dos programas de televisão. São aqueles que defendem a democracia desde que estejam no comando. São aqueles que defendem que o povo pobre deve mais é morrer porque médico só deve trabalhar em condições que julgam ideais. O que fica de lição nestas eleições: que não dá para confiar nesta gente. Que a solução é de fato ir para a esquerda. Pois enquanto os homens investem nos seus podres poderes, negros, índios, bichas e mulheres devem fazer o carnaval.