Ferguson é aqui! Entidades do movimento negro entregam proposta ao procurador geral de São Paulo

Escrito en BLOGS el
[caption id="attachment_676" align="alignleft" width="300"]Duas mil pessoas, representando 39 entidades, protestaram contra o genocídio da juventude negra no dia 18 de dezembro Duas mil pessoas, representando 39 entidades, protestaram contra o genocídio da juventude negra no dia 18 de dezembro[/caption] Em pouco mais de uma semana, entidades do movimento negro e popular organizaram uma passeata no centro de São Paulo para protestar contra o genocídio da juventude negra e solidariedade aos negros norte-americanos de Ferguson que tem sofrido o mesmo problema com a polícia local. Mesmo com o pouco tempo de preparação e perto das festas de final de ano, 2 mil pessoas compareceram a manifestação no dia 18 de dezembro. Trinta e nove entidades, entre elas o Coletivo Quilombação, Uneafro, Círculo Palmarino, Conen-SP, Mães de Maio, entregaram um manifesto ao procurador geral da Justiça, Márcio Rosa, que prometeu dar especial atenção ao problema das mortes provocadas por policiais. Na audiência também, foi apresentada a proposta de criação de duas novas promotorias, a de Violência de Gênero e de Educação, que dependerão de aprovação da Assembléia Legislativa. O procurador também prometeu intermediar os contatos dos movimentos sociais com o novo secretário da Segurança Pública que entrará no lugar de Fernando Grella. Silêncio da mídia hegemônica O que chamou a atenção deste protesto foi o silêncio dos meios de comunicação de massa hegemônicos. Nenhuma matéria sobre o ato que teve mais gente que os protestos feitos pela direita em defesa da volta do regime militar, estes sim amplamente cobertos pela mídia com direito até a chamada de capa. Este silêncio midiático é um indicador da naturalização do genocídio. Chama a atenção que às vésperas de completar 30 anos, a redemocratização brasileira convive ainda com práticas típicas da ditadura militar nas periferias: execuções extrajudiciais, invasões de domicílios sem mandado, prisões arbitrárias, desrespeito aos direitos humanos. A mesma mídia que ignorou a manifestação contra o genocídio no dia 18 de dezembro, é a que faz sensacionalismo no noticiário policial, espetacularizando as cenas de crime e as ações policiais, chegando a colocar na tela as imagens de pessoas presas que ainda não foram julgadas. A Anistia Internacional, diante da gravidade da situação, lançou a campanha "Jovem Negro Vivo" (clique aqui para ver), o governo federal lançou o Programa Juventude Viva, porém existe um problema de caráter ideológico: a naturalização da violência quando ela é praticada contra jovens negros e negras e da periferia. A indignação não existe quando se trata deste perfil de vítima. E a mídia, ao se conformar com isto, não vê importância numa manifestação como esta e, ao mesmo tempo, dá destaque a protestos da classe média alta pela volta da ditadura militar ou quando estes mesmos segmentos se indignam com a morte de um dos seus - exemplo disto foi o destaque dado pela mídia ao protesto contra o atropelamento de um ciclista na Cidade Universitária em agosto deste ano.