Lista da Odebrecht evidencia que sistema eleitoral atual tem que mudar

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A lista da Odebrecht apreendida neste dia 23 de março pela Polícia Federal tinha nomes de centenas de políticos de quase todos os partidos. Deputados, governadores, candidatos do PMDB, PSDB, PT, PC do B, Solidariedade, PV, DEM, PP, PSC, PSB, PPS. Do PSOL, apenas o senador Randolfo Rodrigues que não está mais no partido - ingressou na Rede. Nomes importantes: Geraldo Alckmin, Aécio Neves, Jacques Wagner. Tarso Genro, Aldo Rebelo, Francisco Dornelles, Ratinho Junior, Raul Jungmann, Roberto Freire, Jarbas Vasconcelos Filho, Eduardo Paes, Manuela D´Ávila. O colunista político do UOL lembrou: não dá para considerar que todos na lista cometeram ilegalidades. Nas eleições passadas, as doações empresariais eram permitidas. Resta saber se estas doações foram contabilizadas e estavam de acordo com a lei. Para além da questão legal, emerge uma de caráter ético: qual a autonomia destes políticos eleitos para representar a população sendo que suas campanhas foram bancadas por recursos de empresas que prestam serviços ao governo? Sabe-se também que os escândalos de corrupção de políticos estão diretamente ligados a doações empresariais para campanhas. O caso do chamado "mensalão", por exemplo. Mais: este sistema seleciona, a priori, quem pode potencialmente ter condições de ser eleito. Somente aqueles que se submetem a este modelo de financiamento. O fato de apenas um político do PSOL estar na lista - e que já saiu do partido - não é a toa. Este partido tem uma norma que proíbe as doações de empresas. Financia suas campanhas com recursos da militância. Por isto, tem imensas dificuldades de eleger seus candidatos. Paga o preço por ter autonomia perante a este sistema. Mas vou mais além: quantos candidatos NEGROS e candidatas NEGRAS estão nesta lista? Não consegui identificar nenhum(a). O filtro racial também está neste sistema. O financiamento empresarial de campanhas é exemplo de democracia amputada pelo capital, como disse José Saramago.