Política do medo e repressão faz propaganda com números

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O governo do estado de São Paulo divulgou com grande estardalhaço a redução dos indicadores de violência em São Paulo em 2015. Segundo os dados apresentados, todos os indicadores de violência caíram no ano passado. No caso da taxa de homicídios, o índice no estado ficou em 8,73 por 100 mil habitantes. O portal G1, da Globo, manchetou: "Homicídios no estado de SP em 2015 ficam abaixo do nível epidêmico". (clique aqui para ler) Os organismos internacionais apontam que índices de homicídio acima de 10 sinalizam para uma situação de violência epidêmica. Com um índice de 8,73, SP teria saído desta faixa. Não é bem assim. A metodologia usada pelo governo paulista é diferente da utilizada pelos organismos internacionais. Os pesquisadores do estado "bandeirante" contabilizam casos de homicídio. A maioria dos organismos internacionais calculam número de vítimas. Por exemplo, uma chacina que vitima dez pessoas é contada como "um" caso de homicídio na "pesquisa" paulista. Assim como um caso em que uma pessoa mata "apenas" uma outra. Assim, para melhorar estatísticas, a resolução de casos de homicídios simples vale tanto quanto o esclarecimento de chacinas. Se fosse utilizada a metodologia internacional, o número seria de 11,7 por 100 mil. Portanto, ainda no nível de violência epidêmica. De qualquer forma, os indicadores caíram. Alexandre Moraes, o secretário de Segurança Pública que considerou que a PM agiu corretamente na repressão às passeatas do Passe Livre, disse que este resultado se deve a eficiência do trabalho das polícias civil e militar. No ano passado, a polícia matou em média 2 pessoas por dia, parte destas mortes foi praticada por agentes fora do serviço. Especialistas apontam outros fatores, como o maior controle das armas por conta do Estatuto do Desarmamento (que os defensores da violência policial são contra) e também o fim dos conflitos internos do crime organizado (leia-se PCC). Enquanto os gestores da Segurança Pública soltam fogos, as chacinas continuam acontecendo nas periferias. Mães, pais, familiares de meninos negros, pobres, periféricos continuam chorando seus entes queridos e casos continuam sem esclarecimentos. A democracia não chegou na periferia.