PSOL de São Paulo elege jovem militante do movimento negro como presidente

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12138599_1632845343663373_4758528811961253172_o               O Congresso estadual do PSOL de São Paulo realizado neste final de semana elegeu para presidir o seu diretório estadual Josélício Junior, mais conhecido como Juninho, liderança do movimento negro e dirigente do Círculo Palmarino, entidade que congrega militantes anti-racistas em todo o Brasil e cuja sede é em Embu das Artes (SP). Foi um fato de grande importância histórica para a luta contra o racismo pois pela primeira vez um partido político será dirigido por um militante do movimento negro. Mais ainda: um militante da nova geração de ativistas anti-racistas, que tem pautado sua ação política pela denúncia do genocídio da juventude negra - Juninho teve papel fundamental na Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Federal que investigou a violência contra jovens negros e que, no relatório final, reconheceu a existência do genocídio - pela formulação do conceito de "faxina étnica" na configuração dos espaços urbanos ao constatar que há um processo de isolamento, guetificação e repressão brutal das periferias, e criticado a excessiva institucionalização de determinadas lideranças do movimento negro que se contentaram em ocupar as franjas dos espaços governamentais, em que secretarias, conselhos e outros órgãos criados para tratar de políticas públicas de combate ao racismo vivem com orçamentos pífios e com pouquíssima capacidade de ação. Qual a importância da eleição de Juninho para presidir um partido de esquerda e que vem crescendo nos últimos anos? Primeiro, o reconhecimento público da importância da militância no movimento negro, tradicionalmente colocado como um "patinho feio" junto a outros movimentos, como o estudantil, sindical e popular. Haja vista a total inexistência de parlamentares federais que vieram deste tipo de movimento (os poucos parlamentares negros existentes hoje vieram de outros movimentos ou articulações e não do movimento negro). Segundo, a possibilidade concreta de que a luta contra o racismo será colocada no centro da agenda deste partido, o que contribuirá para que esta temática ganhe maior visibilidade na esfera pública política. E terceiro, que esta discussão seja extremamente qualificada pois Juninho não é só mais um militante do movimento negro mas um verdadeiro quadro que tem se esforçado em inovar na elaboração teórica da temática das relações raciais no Brasil. É um grande estudioso do grande pensador Clóvis Moura, articulou a reflexão sobre o racismo na Fundação Lauro Campos (do PSOL) que lançou uma revista especial com artigos sobre este tema. Por isto, este fato não é algo que tenha importância apenas para o PSOL e seus simpatizantes, mas uma verdadeira vitória do movimento negro. O flyer acima tem razão que é uma resposta a ofensiva conservadora que cresce no país. Boa sorte, Juninho.