Serra e o DNA autoritário das elites paulistanas

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O candidato do PSDB à prefeitura, José Serra, é o representante do pensamento autoritário contemporâneo. O apoio que recebe da esmagadora maioria da mídia hegemônica demonstra o viés político predominante nas elites brasileiras, em especial de São Paulo. José Serra tem sido o político que mais tem atacado a liberdade de expressão. Na campanha de 2010, destratou todos os profissionais do jornalismo que lhe faziam perguntas que julgava incômodas. Só para lembrar alguns casos: Heródoto Barbeiro, no Roda Viva; Márcia Peltier; Mário Carvalho (da rádio Mirante, de São Luiz). Depois chamou blogueiros que criticavam a sua candidatura de “sujos”. Este ano veio agora com a qualificativo de “nazistas”. E, finalmente, pede uma investigação sobre os jornalistas Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif, que mantém os blogs Conversa Afiada e Dinheiro Vivo, alegando que os mesmos recebem propaganda de estatais e, portanto, fazem as vezes de “propagandistas do governo”. Seria interessante, então, investigar as milhares de assinaturas compradas pelo governo estadual do PSDB de publicações como a revista Veja, os jornais “O Estado de S. Paulo” e “Folha de S. Paulo”, que sempre tiveram uma cobertura simpática, para dizer o mínimo, aos tucanos (a chefe da sucursal de Brasília de um destes órgãos, por exemplo, é casada com um dirigente do PSDB). O autoritarismo de Serra é o símbolo maior do que é a elite paulista. Aquela que tolera o outro desde que lhe obedeça e sirva. Pessoas de pele mais escura são toleradas desde que como serviçais. Ou então para cuidar da sujeira que faz, como Paulo Preto, correndo o risco de ser abandonado à própria sorte caso seja necessário. Estas pessoas são contra as cotas nas universidades, consideram que programas de transferência de renda são desperdício de dinheiro e geram indolência e conformismo, política social para estes é dar o mínimo do mínimo para que não reclamem. Lembra-me de uma cena do filme “O Nome da Rosa”, baseado no belíssimo livro de Umberto Eco, em que os monges despejam o lixo para fora dos muros da abadia gerando uma disputa pelos restos de comida entre os famintos. O frei fala: esta é a política social da igreja. Enquanto isso, rateiam a máquina do estado paulista entre os amigos, em uma típica prática patrimonialista. Estradas, transporte público, inspeção veicular ambiental são as novas sesmarias do império tucano. Avançam para o campo da cultura, com a transferência de projetos como o “Fábricas da Cultura” para organizações não governamentais de amigos do rei e na área social, com a terceirização da saúde para as chamadas “organizações sociais”. É uma elite patrimonialista, ainda que pintada com cores mais modernas. Mas o autoritarismo está no seu DNA: não quer debate, quer aplausos; não quer o diferente que não se limite a dizer “sim, senhor”; não quer jornalismo, quer propaganda a seu favor.