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[caption id="attachment_991" align="aligncenter" width="225"] Funcionários da Higilimp protestam na USP (Foto: CSP/Conlutas)[/caption]
A empresa Higilimp, que tem contratos de terceirização de serviços de limpeza com vários órgãos públicos do estado de São Paulo, entre eles a USP e o Metrô, deu calote nos funcionários.
A Universidade de São Paulo, nesta semana, vive uma onda de felicidade com os aprovados no vestibular da Fuvest fazendo as suas matrículas. Alegria das meninas e meninos, a esmagadora maioria branca e de classe média.
Pessoal que limpa as salas, corredores e banheiros da instituição, maioria mulheres negras e pobres, estão preocupadas em como pagar as contas e por comida na mesa.
Meninas e meninos tirando selfies em frente ao prédio da faculdade, pintando os rostos, olhando encantado o campus daquela universidade que sempre sonhou estar um dia.
Alguns já perguntam, apressadinhos, como é a inserção no mercado profissional, se tem campo, se ganha bem... Outros se é perigoso vir de ônibus ou é melhor comprar um carro.
Mães e pais que acompanham os filhos nas matrículas afirmam que o esforço foi merecido. E foi.
Mas o esforço das mulheres e homens que deixam o ambiente da universidade limpo, agradável, seguro, não merece a mesma consideração dos empresários que os contratam.
No lado branco, satisfação e alegria pela oportunidade oferecida e conquistada.
No lado negro, preocupação e revolta pelo desrespeito ao esforço feito cotidianamente.
São os dois lados do mesmo ambiente.
Para quem ainda duvida, isto é o racismo estrutural.
E antes que venham com a argumentação "não tenho culpa disto", lembro Hannah Arendt quando diz que não se trata de culpa, mas sim de responsabilidade coletiva de problemas que são fruto de uma sociedade injusta e racista.