Azenha e o "gás para todos": Serra e Kassab em ação

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Azenha publica, no "Vi o Mundo", o relato de Leonardo Fuhrmann, que mostra mais uma inovação da dupla Serra-Kassab: depois do "Balsa Família", chegou o "Gás para todos". Gás de Pimenta, que  fique bem claro. por Leonardo Fuhrmann* - http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/leonardo-fuhrmann-kassab-e-serra-inauguram-o-gas-para-todos/ "Um homem que passava na rua decidiu me ajudar. Meus olhos e minha garganta ardiam e a visão estava embaçada. Ele também tinha recebido gás pimenta na cara só porque passava "pelo lugar errado na hora errada". A PM praticamente me deu um banho de gás pimenta, assim como fez com manifestantes e, inclusive, deputados e vereadores. Outras pessoas relataram agressões. A Polícia Militar afirma que vai apurar se houve algum eventual exagero na sua ação, com base nos relatórios feitos pelos responsáveis pela ação. Pela participação de oficiais presentes nos "excessos", as apurações internas merecem um acompanhamento dos mais cuidadosos. As pessoas estavam lá para reclamar da omissão do poder público municipal e estadual. Com o comportamento da Polícia Militar, voltaram para suas casas alagadas com reclamações da ação do poder público na forma de repressão. É gente simples, de bairros periféricos da cidade, incomodada pela água represada em uma série de bairros que ficam próximos à várzea do Rio Tietê, além de moradores de outras regiões consideradas de risco. Alguns deles estão com suas casas alagadas há dois meses, sem que exista um diagnóstico nem uma proposta de solução para o problema. Os manifestantes começaram a chegar em frente à sede da Prefeitura, no Viaduto do Chá, pouco antes das 14 horas. Grupos organizados traziam apitos, narizes de palhaço e bandeiras. Um caminhão encostou com vários móveis e outros bens destruídos em função do alagamento. Panfletos de diversos grupos de esquerda eram distribuídos. Como a grade que é colocada em frente ao prédio da Prefeitura estava aberta, eles se acomodavam entre a grade e o prédio, mantendo a calçada e a rua livres para o trânsito de pessoas, carros e ônibus. No protesto havia também muitas pessoas com cartazes feitos com cartolina, crianças e idosos. Alguns carregavam, em potes de vidro, amostragens da água cheia de larvas que invadiu as casas e outros bichos que foram encontrados na área de enchente. "Agora, a gente já sabe, enchente é com o Kassab", alguns gritavam. A reclamação de muitos cartazes estava relacionada a problemas de saúde, a preocupação com a dengue e a leptospirose se repetia. Em meio a discursos inflamados, algumas crianças brincavam e adolescentes se amontoavam para sair em fotos. Calculo que havia umas 400 pessoas, a PM fala em 200. Os parlamentares tentavam organizar uma comissão para ser recebida por representantes do prefeito. Gilberto Kassab (DEM) não estava no prédio naquele momento. Policiais militares e guardas civis metropolitanos protegiam o prédio e, na minha cabeça de civil, não dava para perceber nenhuma movimentação de ameaça de invasão do prédio, de depredação ou outro ato que justificasse uma reação "mais forte" da polícia. Claro que muitos queriam participar da comissão que seria recebida, os grupos organizados se esforçavam para colocar seus integrantes. A polícia resolve aumentar a distância entre o prédio público e o público. Cassetetes começam a se mover na direção das pessoas e se forma uma névoa de gás pimenta. Alguns experimentam o gás pimenta direto na cara, outros são atingidos pelas nuvens. A dispersão das pessoas fecha as ruas. Alguns, assustados, vão embora. Vi o deputado federal Carlos Zattini receber uma dose caprichada de gás pimenta. O deputado estadual Simão Pedro enxugava as lágrimas provocadas pelo gás. O ex-vereador Beto Custódio passava mal depois de inalar o gás e teve de ser medicado. Soube depois que o vereador Zelão também teve de ir para o hospital, depois de levar uma cassetada no braço. Falo de pessoas públicas, talvez para mostrar que a ação da polícia não foi contra supostos baderneiros, mas contra quem participava da manifestação como um todo. Poderia citar as lágrimas de crianças ou de idosos lá presentes. Esperavam por respostas que poderiam acabar com seu choro e desespero. Receberam como resposta mais um motivo, químico, no caso, para lágrimas." * Leonardo Furhmann é repórter; atualmente atua como assessor do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP).