Contra PSDB, mídia exige prova: escândalo já tem um morto

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Em 2005, Roberto Jefferson deu uma entrevista exclusiva à "Folha", em que lançava dezenas de acusações contra o governo federal. Foi nessa entrevista, também, que Jefferson cunhou a expressão "Mensalão". Vocês se lembram da manchete da "Folha de S. Paulo" na época? Não? Então, relembremos: "PT dava mesada de R$ 30 mil a parlamentares, diz Jefferson". Agora, comparemos com o título da última sexta-feira (20/02/2009 - no "pé" da primeira página da "Folha"), sobre a denúncia do PSOL de Luciana Genro contra Yeda Crusius, governadora do PSDB: "Sem provas, PSOL acusa tucanos de corrupção no RS". Freire Imagem Para a mídia, Jefferson pode atirar à vontade, mas Luciana Genro precisa apresentar provas contra tucanos Por que este "sem provas" tão cuidadoso, no título da última sexta-feira (20/02/2009)? Por uma questão de isonomia, o correto seria "Governo tucano tucano tem corrupção e caixa dois, diz PSOL". Por que o mesmo "sem provas" não apareceu na manchete quando Jefferson deu sua entrevista? Hum... Bem, talvez para a "Folha", Jefferson valha mais do que o PSOL. Gosto não se discute. Ou, mais provável: qualquer denúncia contra o partido de Serra (o editorialista preferido da família Frias) merece todo cuidado! Por que a sigla "PSDB" não aparece nem na primeira página, nem na manchete de página interna? (Isso me lembra a cobertura da "Globo", na reta final da eleição de 2006. Os aloprados que tentaram comprar o dossiê contra Serra eram "petistas". O Freud Godoy era "petista". Na hora de falar de Abel Pereira, um sujeito que intermediaria negócios na gestão de Barjas Negri (PSDB) no Ministério da Saúde, aí ninguém falava em "governo do PSDB". A fórmula era: "ministro no governo anterior".) Mas, voltemos ao caso da corrupção no Rio Grande do Sul. A denúncia é gravíssima. E já há um cadáver. Marcelo Cavalcanti, ex-assessor de Yeda Crusius, apareceu morto no Lago Paranoá, em Brasília. Ele deveria ter uma reunião com o Ministério Público Federal em Brasília, logo após o Carnaval. Hum, hum... Imagem Imagem Marcelo Cavalcanti trabalhava para governadora do PSDB; o corpo dele apareceu boiando em Brasilia Na "CartaMaior", em reportagem de Marco Aurélio Weissheimer (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15702), leio que os parlamentares do PSOL que fizeram a denúncia "disseram que a governadora Yeda Crusius reuniu-se com Marcelo, semana passada, em Brasília, informação confirmada pela esposa do mesmo. Segundo a deputada, o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, teria participado da conversa que não teria sido nada amigável, o que foi negado no final da tarde pelo senador tucano." Hum, hum, hum... Imagine se um ex-assessor do governo da Bahia, do PT, tivesse morrido, poucos dias antes de depor ao Ministério Público, num caso que envolve corrupção? Imagine as manchetes a essa altura? Eu imagino: "Ex-assessor petista aparece morto em Brasília". Seria manchete semana inteira, com matéria na "Veja", e editorial na "Folha". A essa altura, confesso que nada do que vem da "Veja" ou da "Globo" de Ratzinger me surpreende mais. Mas, é triste constatar que a "Folha" também tomou o caminho da indecência jornalística. Nesta sexta-feira, esse comportamento indecente aparece em dois momentos: na manchete a proteger tucanos gaúchos do PSDB, e na resposta mal-criada a dois intelectuais que "ousaram" contestar editorial da família Frias, sobre a ditadura militar. No editorial canhestro, a "Folha" definiu a ditadura brasileira (1964-1985) como "ditabranda". Maria Victória Benevides e Fábio Konder Comparato escreveram ao jornal para protestar. Otavinho Frias não gostou. Disse que a indignação dos dois era "cínica e mentirosa". O editorial e a resposta arrogante do jornal merecem uma resposta à altura. Mas, voltarei a isso depois. Por hora, deixo os leitores com as duas primeiras páginas didáticas, a indicar como opera nossa "grande imprensa" - cada vez mais minúscula. Capa Folha de S.Paulo - Edição São Paulo Capa Folha de S.Paulo - Edição São Paulo