Eloá Pimentel, um crime de gênero

Por Maíra Kubik: Sabe qual é uma das maneiras de evitar os crimes de gênero? Nomear aqueles que já ocorreram como um exemplo do que não deve se repetir. Eloá Cristina Pimentel foi assassinada pelo ex-namorado em 2008. Ele não admitia o fim do relacionamento e ela morreu simplesmente porque era mulher.

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Por Maíra Kubik Mano, no Território de Maíra Sabe qual é uma das maneiras de evitar os crimes de gênero? Nomear aqueles que já ocorreram como um exemplo do que não deve se repetir. Eloá Cristina Pimentel foi assassinada pelo ex-namorado em 2008. Ele não admitia o fim do relacionamento e ela morreu simplesmente porque era mulher. Uma pesquisa realizada pelo Ibope há alguns anos dava conta que a principal preocupação das brasileiras era a violência, dentro e fora de casa. Ou seja, habitação, mercado de trabalho e custo de vida passaram longe do topo das estatísticas. Pudera: a cada 2 minutos, 5 mulheres são agredidas no Brasil. Segundo o  DataSenado, a maioria dos agressores, 87%, é o atual ou um antigo marido/namorado. Com Eloá não foi diferente. (Talvez apenas pela cobertura midiática 24 horas por dia, exaustiva e muitas vezes sensacionalista). O motivo? Talvez ciúme. Segundo uma das definições do Aurélio, trata-se de um “sentimento doloroso que as exigências de um amor inquieto, o desejo de posse da pessoa amada, a suspeita ou a certeza de sua infidelidade fazem nascer em alguém”. Parece até poético, não? Porém, na maioria das vezes, o lirismo passa longe daqueles apaixonados que estão atormentados pelo sentimento de posse. Em situações extremas, leva até mesmo à morte. Talvez por isso, as outras duas explicações do dicionário para “ciúme” sejam “emulação, competição, rivalidade”  e “despeito invejoso; inveja”. E não tem nada de romântico nisso. É funesto. Eloá, Eliza Samudio e Mércia Nakashima foram crimes de gênero. Eles decorrem da noção de que a mulher é propriedade do homem e que, portanto, pode ser tratada como seu dono bem entender. Esfaqueada, afogada, estrangulada, metralhada. No entanto, o que a mídia demonstra em sua cobertura – à época e atualmente, durante o julgamento – é uma total e absoluta descontextualização da situação vivida pelas mulheres. Tratam o caso como algo único, isolado do resto da sociedade, o que não é verdade. É preciso dar nome aos bois, como diz o ditado.