Dono da "Falha": "fui censurado pela Folha"

Conversei com Lino Bocchini, um dos responsáveis pelo site “Falha de S. Paulo” – tirado do ar por determinação judicial, a pedido do impoluto diário mantido pela família Frias: "a Folha mostrou como é contraditória - defende a liberdade de expressão, mas quando passa a ser vítima de crítica, aí o jornal se transforma em censor de fato”.

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Conversei há pouco com Lino Bocchini, um dos responsáveis pelo site “Falha de S. Paulo” – tirado do ar por determinação judicial, a pedido do impoluto diário mantido pela família Frias (guardiã da democracia e dos bons costumes nacionais). O site fazia a crítica bem-humorada das barbaridades cometidas pela “Folha”. E oferecia uma ferramenta que permitia ao internauta compor a sua própria manchete da “Folha”. Lino e o irmão criaram o “Falha” para criticar, de forma bem humorada, “um jornal que finge ser imparcial, mas é partidarizado”. O “Estadão”, recordou Lino, declarou voto no Serra, mas a “Folha” não consegue sair do armário,  o que segundo ele não engana ninguém: “Vejo que a Folha tem um lado, tem posicionamento, candidato – tudo bem, mas porque não assume?” Ele diz que considera a atitude do jornal “uma violência” e completa: “quando a Folha fez aquele editorial na primeira página, supostamente pra defender a liberdade, deu a entender que ninguém está acima das críticas, mas pelo jeito isso vale pra todo mundo menos para a Folha”. Esse escrevinhador disse ao Lino que o advogado do jornal – aparentemente – usou a defesa da marca para tirar o site do ar: “A questão da marca foi só a brecha que eles encontraram; o fato é que a Folha mostrou como é contraditória - defende a liberdade de expressão pra ela, mas quando passa a ser vítima de crítica, aí o jornal se transforma em censor de fato”. Perguntei como ele se sente, como cidadão. “Eu me sinto censurado, eu fui censurado pela Folha”. O blogueiro censurado lembrou que paródias de meios de comunicação são comuns no mundo todo. Nos Estados Unidos, segundo ele, há um site que parodia a Fox News. “E aqui no Brasil já houve a Bundas, uma paródia da revista Caras. Já pensou se a Caras fosse se preocupar em recolher das bancas a Bundas?”.   Lino estranhou ainda que no Brasil haja liberdade para que o presidente da República seja chamado de “Mula” ou de “Anta” no título de um livro. Mas não haja liberdade para que um site com média de mil acesos por dia faça paródia da “Folha”. No fundo, disse Lino, a turma da Barão de Limeira mostrou-se muito inábil: “Foi um erro estratégico deles, deram visibilidade ao site! E a reação na internet mostra que as pessoas não aceitam mais esse tipo de palhaçada. Não tenho nem advogado ainda, mas pretendo levar adiante essa briga. É uma briga boa, didática. Nem que o site volte daqui a um ano – se é que vai voltar. Mas é uma chance de mostrar ao país quem são esses caras: os donos de meios de comunicação ainda acham que só eles podem bater, brincar, criticar. Esse tempo acabou”. É verdade, Lino. Esse tempo acabou. Mas o Otavinho não percebeu. É preciso dizer duas coisas ao diretor do jornal: - Todo poder tem limite; - Fique advertido, seu tempo de falar sozinho acabou!