Manchete do UOL sobre pesquisa do IBGE mostra má vontade da mídia

A reportagem da Folha, que é reproduzida pelo UOL, compara com o quarto trimestre do ano passado, quando o desemprego ficou em 6,2%. No final do ano, a atividade econômica aumenta por conta das festas e o desemprego cai por conta dos crescimento de oferta de vagas. Qualquer economista sabe disso.

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Do Escrevinhador O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta terça-feira (3/6), os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. A taxa de desemprego no país ficou em 7,1% no primeiro trimestre deste ano. Assim, 7 milhões de pessoas estão sem ocupação, enquanto 91,2 milhões de pessoas estão empregadas. Dos empregados do setor privado, 77,7% tinham carteira de trabalho assinada, no 1º trimestre de 2014, Esses são dados objetivos da pesquisa do IBGE. No entanto, a comparação desses números com períodos anteriores abre margem para diversas leituras. A interpretação do UOL é a seguinte: “Taxa de desemprego sobe e fica em 7,1% no 1º trimestre, diz IBGE”. A manchete da matéria sobre os mesmos dados na página da Agência Brasil é esta: “Desemprego tem leve queda e fecha primeiro trimestre em 7,1%” .Mas o desemprego aumentou ou diminuiu? Depende da referência de comparação. A reportagem da Folha, que é reproduzida pelo UOL, compara com o quarto trimestre do ano passado, quando o desemprego ficou em 6,2%. Já a matéria a Agência Brasil relaciona com o porcentual do primeiro trimestre do ano passado, que ficou em 8%. No final do ano, a atividade econômica aumenta por conta das festas e o desemprego cai por conta dos crescimento de oferta de vagas. Qualquer economista sabe disso. Então, não é a melhor base de comparação. Independente disso, a manchete do UOL e a abordagem da matéria da Folha mostram, no mínimo, uma tremenda má vontade do grupo com o Brasil. Para fugir da diversas interpretações, Escrevinhador reproduz o boletim do IBGE sobre a pesquisa:

PNAD Contínua mostra desocupação de 7,1% no primeiro trimestre de 2014

Indicador / Período 1º tri / 2014 4º tri / 2013 1º tri / 2013
Taxa de desocupação
7,1%
6,2%
8,0%
Nível da ocupação
56,7%
57,3%
56,3%
População ocupada
91,2 milhões
91,8 milhões
89,4 milhões
População desocupada
7,0 milhões
6,1 milhões
7,8 milhões
       

A taxa de desocupação para o Brasil, no 1º trimestre de 2014, foi estimada em 7,1%. Houve alta em relação ao do 4º trimestre de 2013 (6,2%) e queda em relação ao 1º trimestre de 2013 (8,0%). O nível da ocupação para o mesmo período (56,7%) recuou em relação ao 4º trimestre de 2013 (57,3%) e subiu frente ao 1º trimestre de 2013 (56,3%).

Cerca de 77,7% dos empregados do setor privado, no 1º trimestre de 2014, tinham carteira de trabalho assinada, com avanço de 1,6 ponto percentual em relação ao 1º trimestre de 2013. As Regiões Norte (64,6%) e Nordeste (62,8%) mostraram os menores percentuais nesse indicador.

A PNAD Contínua utiliza os novos conceitos recomendados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Outras informações sobre a pesquisa podem ser encontradas em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pnad_continua/.

No enfoque regional da desocupação, no 1º trimestre de 2014, o Nordeste apresentou a maior taxa (9,3%), e o Sul, a menor (4,3%). Na comparação do 1º trimestre de 2014 com o 4º de 2013 houve elevação da taxa de desocupação em todas as Regiões. Em relação ao 1º trimestre de 2013, a taxa de desocupação recuou em todas as regiões. Foram verificadas, também, diferenças significativas na taxa de desocupação entre homens e mulheres.

Em relação ao 1º trimestre de 2013, houve redução na taxa de desocupação em todos os grupos etários e para ambos os sexos. A taxa de desocupação do grupo etário de 18 a 24 anos de idade (15,7%) mostrou-se elevada em relação à média total (7,1%). Este comportamento foi verificado no Brasil e nas cinco Grandes Regiões.

Norte e Nordeste mostram os maiores percentuais de trabalhadores por conta própria

No 1º trimestre de 2014, a população ocupada era composta por 70,1% de empregados, 4,1% de empregadores, 23,0% de trabalhadores por conta própria e 2,9% de trabalhadores familiares auxiliares. Ao longo da série histórica, essa composição não se alterou significativamente.

Nas regiões Norte (30,2%) e Nordeste (29,6%) o percentual de trabalhadores por conta própria era superior ao observado nas demais regiões. O mesmo foi constatado para os trabalhadores familiares auxiliares: Norte (6,9%) e Nordeste (4,4%) apresentaram participação maior destes trabalhadores. No 1º trimestre de 2014, parte expressiva dos empregados estava alocada no setor privado (73,2%), 17,6% no setor publico e os demais (9,2%) no serviço doméstico.

Sudeste e Sul têm os maiores percentuais de empregados com carteira assinada

No 1º trimestre de 2014, 77,7% dos empregados do setor privado tinham carteira de trabalho assinada, apresentando avanço de 1,6 ponto percentual em relação ao 1º trimestre de 2013. Entre os trabalhadores domésticos, a pesquisa mostrou que 31,4% tinham carteira de trabalho assinada, um quadro que não se alterou, no ano.

Norte (64,6%) e Nordeste (62,8%) mostraram patamares inferiores aos das demais regiões (tabela abaixo). Já a comparação do 1º trimestre de 2014 com o mesmo trimestre de 2013, apontou aumento deste indicador em todas as regiões.

Todas as regiões mostram diferenças entre os níveis de ocupação para homens e mulheres

No primeiro trimestre de 2014, as regiões Sul (61,2%) e Centro-Oeste (61,1%) foram as que apresentaram os maiores níveis de ocupação (percentuais de pessoas trabalhando entre aquelas em idade de trabalhar) e a região Nordeste, o menor (51,6%). Em relação ao 1º trimestre do ano anterior, houve altas no nível da ocupação de todas as regiões. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, todas as regiões mostraram queda.

No 1º trimestre de 2014, o nível da ocupação foi estimado em 68,3% para os homens e 46,2% para as mulheres. Essa diferença foi verificada em todas as regiões, sendo que na Norte, estava a maior a diferença e na Sul, a menor.

No 1º trimestre de 2014, o nível da ocupação do grupo etário de 25 a 39 anos foi estimado em 75,3% e, para o grupo de 40 a 59 anos, em 69,1%. Aqueles do grupo etário de 18 a 24 anos, esta estimativa era 57,3%. Entre os menores de idade (de 14 a 17 anos de idade) esta estimativa foi 16,6%, enquanto entre os idosos (60 anos ou mais), 21,8%.

As diferenças regionais, no que tange a este indicador são expressivas. O nível da ocupação daqueles na faixa etária de 18 a 24 anos na Região Sul e Centro-Oeste ficou próximo ao observado no da população adulta no Nordeste conforme ilustra o gráfico a seguir.

Em geral, nos grupos com mais instrução, o nível da ocupação era mais elevado. No 1º trimestre de 2014, pouco menos de um terço (32,6%) das pessoas sem nenhuma instrução estava trabalhando. Já entre aqueles com curso superior completo, o nível da ocupação chegou a 80,0%.

Nordeste continua com o maior percentual (43,1%) de pessoas fora da força de trabalho

No 1º trimestre de 2014, no Brasil, 38,9% das pessoas em idade de trabalhar foram classificadas como fora da força de trabalho, ou seja, aquelas que não estavam ocupadas nem desocupadas na semana de referência da pesquisa. Na tabela abaixo, a série completa da PNAD Contínua.

O Nordeste apresentou o maior percentual de pessoas fora da força de trabalho (43,1%), e as regiões Sul (36%) e Centro-Oeste (35,1%), os menores. Esta configuração não se alterou significativamente ao longo da série histórica. As mulheres eram maioria nessa população: cerca de 66,4% no 1º trimestre de 2014. Em todas as regiões o comportamento foi similar. Aproximadamente um terço (33,7%) da população fora da força de trabalho era idosa (com 60 anos ou mais de idade). Aqueles com menos de 25 anos de idade eram 29,2% e os adultos (25 a 59 anos) eram 37,2%.

Comunicação Social 03 de junho de 2014