Robson Marinho aprovou contratos do governo estadual com a Alstom

O escândalo de corrupção no transporte sobre trilhos desnuda a fórmula do PSDB de desviar recursos públicos. As informações divulgadas demonstram que Robson Marinho, militante tucano, é a figura chave para entender o esquema.

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Do Escrevinhador O castelo de areia dos tucanos começa a cair. O escândalo de corrupção no transporte sobre trilhos no estado de São Paulo desnuda a fórmula do PSDB de desviar recursos públicos. As informações divulgadas demonstram que Robson Marinho, militante tucano, é a figura chave para entender o esquema. Enquanto o presidente Lula indicou para os cargos de ministros do STF juristas renomados, o PSDB colocou no Tribunal de Contas do Estado um militante orgânico. Robson Marinho foi coordenador da campanha que elegeu Mário Covas governador de São Paulo em 1995, que tinha como vice Geraldo Alckmin. Depois, foi chefe da Casa Civil entre 1995 e 1997, quando foi nomeado Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Seria como se o presidente Lula tivesse indicado o Zé Dirceu, que coordenou a sua campanha em 2002 e posteriormente ocupou a Casa Civil, para o STF. Lula não fez isso. Lançou mão de outros critérios para fazer as indicações. Deu no que deu. O PSDB colocou um dos seus para avaliar as próprias contas, como monstra reportagem publicada no Estadão. Marinho foi relator e aprovou, entre 2000 e 2005, o contrato e 11 aditamentos do Consórcio Sistrem, da empresa Alstom, com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPMT). Apesar disso, os tucanos enchem a boca para dizer que são republicanos e acusar o PT de “aparelhar o Estado”. A cada dia que passa, os detalhes do esquema do propinoduto tucano estão aparecendo e a velha mídia é obrigada a mostrar. O castelo de areia dos tucanos começa a cair... Abaixo, veja reportagem publicada hoje no Estadão:

Marinho aprovou no tribunal contrato suspeito de trens

Investigado no caso Alstom, conselheiro do TCE sancionou acordo e 11 aditamentos de consórcio com estatal paulista

FAUSTO MACEDO, FERNANDO GALLO - O Estado de S.Paulo

Sob suspeita de ter recebido US$ 2,7 milhões em propinas da Alstom, o conselheiro Robson Marinho, do Tribunal de Contas do Estado, aprovou, entre 2000 e 2005, como relator o contrato e 11 aditamentos do Consórcio Sistrem com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. O Sistrem, do qual a empresa francesa fez parte, é um dos cinco contratos em que o Ministério Público acusa ação do cartel metroferroviário entre 1998 e 2008 - governos tucanos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin.

Marinho é suspeito de receber dinheiro da Alstom em outro caso, envolvendo um contrato da área de energia do Estado, em 1998. Na semana passada, a promotoria pediu à Justiça seu afastamento.

A Suíça bloqueou US$ 3,059 milhões em uma conta secreta do conselheiro. Como conselheiro, Marinho é suspeito de receber propina para assinar parecer favorável ao contrato entre a Alstom e a Eletropaulo, antiga estatal de energia.

Rastreando os contratos do cartel que passaram pelo crivo do TCE, a promotoria concluiu que Marinho teve papel decisivo para o Consórcio Sistrem avançar sem obstáculos.

Orçado em US$ 289,2 milhões - correspondentes a R$ 511 milhões, considerado o câmbio de 1.º de março de 2000 - o Sistrem foi contratado para instalação da Linha-5 (Lilás), ligação Capão Redondo-Largo 13 de Maio, originalmente projetada para ser operada pela CPTM, depois transferida para o Metrô.

À época da licitação, entre 1999 e 2000, a CPTM tinha como diretores João Roberto Zaniboni e Ademir Venâncio de Araújo, indiciados pela Polícia Federal por corrupção, crime financeiro, lavagem de dinheiro e cartel. A Suíça descobriu US$ 826 mil em uma conta de Zaniboni. Também identificou cinco contas de Venâncio com saldo superior a US$ 1 milhão.

Em fevereiro, ao denunciar 30 executivos de 12 empresas pela formação de cinco cartéis, o promotor Marcelo Mendroni sustentou haver "indícios de má-fé no comportamento de agentes da estatal (CPTM)".

Decisões. No período entre 2000 e 2005, Marinho aprovou sem ressalvas 11 aditamentos para inclusão de 48 unidades de equipamentos de ar-condicionado, freios dos truques, alteração do projeto executivo de subestações, reajustamento de preços e a inclusão de mais uma empresa no consórcio. Ele decidiu "julgar regulares a concorrência internacional, o contrato e os termos aditivos em exame, bem como legais os atos determinativos das despesas". Marinho invocou responsabilidade de órgãos técnicos do TCE para votar pela "legalidade" dos aditivos do contrato em que a promotoria vê conluio da Alstom com mais 8 empresas.

A Alstom, em nota, lamentou "que o alegado conteúdo de investigações sobre supostas condutas do passado venham a ser utilizadas de forma reiterada e desproporcional com o intuito de prejudicar uma empresa que cumpre com suas obrigações". Há duas semanas, Marinho afirmou no plenário do TCE que "jamais recebeu um único tostão, um único dólar da Alstom".