Rovai: futuro de Aécio e do PSDB passa por SP

Renato Rovai analisa o futuro do PSDB, sob hegemonia de Aécio. Tudo depende do que vai ocorrer na eleição paulista: "A eleição de Mercadante mexeria com todas as cartas das futuras eleições presidenciais(...) Poderia levar Aécio a rumar com a sua turma para o PMDB, já que a aliança demo-tucana se tornaria algo inexpressivo para quem deseja ser presidente."

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Além de editar a ótima revista "Fórum", o Renato Rovai mantem um "blog sujo" na internet. Aliás,dizem que ele foi visto várias vezes no último mês, ao lado de outros blogueiros, na calçada ligeiramente suja do glorioso restaurante "Sujinho" em São Paulo. Apesar de tanta sujeira, o Rovai mantem o pensamento razoavelmente límpido. E escreveu uma lúcida análise sobre o xadrez político que começa a se desenhar em 2011. A tse dele, em suma: com a vitória de Aécio/Anastasia a se desenhar em Minas, o futuro do PSDB pode ser definido em São Paulo. Se  Alckmin vencer, dará sobrevida ao partido tucano, dispitando com o mineiro a hegemonia da legenda - que seguiria no dilema: ser ou não ser dominada pelo paulistismo? Se Mercadante obtiver a virada, o PSDB perde a razão de existir. Aécio, nesse caso, poderia rumar para o PMDB, costurando uma oposição ao lulismo muito mais jeitosa, sem tanta agressividade. Dizem (e agora sou eu que escrevo, não o Rovai) que até o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, poderia rumar para esse novo PMDB. DEM e PSDB virariam história. Confiram a análise do Rovai... Aécio, Mercadante e o futuro de PT e PSDB por Renato Rovai São Paulo e Minas são os dois maiores colégios eleitorais do país. Nada de novo no front. A questão é que o jogo que se joga nesses estados na atual eleição vai determinar em boa medida as duas ou três próximas disputas presidenciais. Aécio Neves tem tudo para se tornar o herdeiro do PSDB. Seu candidato a governador já teria ultrapassado Hélio Costa, segundo a última pesquisa Ibope. Isso numa eleição que dificilmente terá segundo turno, já que os outros concorrentes são eleitoralmente inexpressivos. Ou seja, Aécio pode eleger seu poste já em 3 de outubro. E ainda se eleger senador, levando a tiracolo para o Senado seu companheiro de chapa, o ex-presidente Itamar Franco. Se isso vier a ocorrer, Lula poderá ter cometido seu grande erro político dessas eleições em Minas Gerais. Com dois candidatos da base no estado, muito provavelmente haveria segundo turno. Mas talvez o nome do jogo para o futuro das próximas eleições, por incrível que pareça, não seja o de Aécio Neves, mas o de Aloísio Mercadante. Mercadante tem chances reais de derrotar Alckmin em São Paulo. Pela última pesquisa Ibope está com 23%. Nessa mesma época, contra Serra, em 2006, tinha 16%. Terminou a eleição com 32%. Com aloprados e tudo o mais. Fazer esse tipo de conta é algo meio amalucado, mas, noves fora, em 35 dias Mercadante dobrou de tamanho há quatro anos. Se isso acontecer agora, poderia chegar a 46%. Não precisa de tudo isso para ir bem posicionado para o segundo turno. Batendo em 40%, a disputa será pau a pau com Alckmin. A eleição de Mercadante em São Paulo mexeria com todas as cartas das futuras eleições presidenciais. Entre outras coisas, por exemplo, porque poderia levar Aécio a rumar com a sua turma para o PMDB, já que a aliança demo-tucana se tornaria algo inexpressivo para quem deseja ser presidente da República. A eleição que definirá o futuro de tucanos e petistas para os próximos anos não é mais a presidencial. É a disputa estadual, fundamentalmente as que acontecem em São Paulo e Minas Gerais. E a mídia tucana já se apercebeu disso. E mudou seu foco. Serra foi cristianizado, mas não em detrimento de outro candidato que dispute o mesmo cargo que o seu. Foi cristianizado para que projetos estaduais não sejam tsunamisados pela onda vermelha. O que ainda pode vir a acontecer. Transformando Mercadante no maior beneficiário desse fenômeno.