Sabesp desperdiçou uma Cantareira com vazamentos em 2013

O volume perdido no ano passado (31,2% do produzido) é praticamente a capacidade de armazenamento do Sistema Cantareira (981 bilhões de litros), que está reduzido a 17,8%.

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Por Camila Denes, da APT Só em 2013, cerca de 950 bilhões de litros de água limpa e tratada vazou dos canos da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o suficiente para atender 3,7 milhões de pessoas ou duas Belo Horizontes. Esse volume perdido no ano passado (31,2% do produzido) é praticamente a capacidade de armazenamento do Sistema Cantareira (981 bilhões de litros), que está reduzido a 17,8% – nível apurado na quarta-feira (16). Grande parte da perda se dá por problemas nas tubulações antigas, que são quase metade da rede de distribuição em áreas centrais da capital paulista. Levantamento da Sabesp registra que 34% dos tubos tem entre 30 e 40 anos e 17%, mais de 40 anos. No Centro de São Paulo, há tubulação que funciona desde a década de 1930. A proporção de perda está bem aquém dos indicadores internacionais. Na Europa e nos Estados Unidos, o índice de perda oscila entre 10% e 15%. No Japão, referência mundial, o indicador está em 4%. O professor do departamento de engenharia hidráulica e ambiental da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), José Carlos Mierzwa, explica que as tubulações acima de 30 anos exigem acompanhamento mais rigoroso. “É preciso avaliar se estão ocorrendo vazamentos e, identificando o problema na rede, fazer uma programação para substituir aquele trecho”, explica Mierzwa. Mesmo a meta modesta de baixar os vazamentos neste ano a 29,3%, feita pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp), não será atingida. Já foi pior – O Ministério Público Estadual (MPE) abriu inquérito para investigar um possível favorecimento de empresas em contratos da Sabesp no Programa de Redução de Perdas e Uso Racional da Água. Os promotores acharam pequena a queda no desperdício de 34,1% em 2008 para os atuais 31,2%, considerando o investimento de R$ 1,1 bilhão. A meta não atingida no ano passado era chegar a 30,5%. “A situação indica possível irregularidade administrativa, noticiando direcionamento contratual e absoluta falta de eficiência administrativa do programa”, diz o promotor Marcelo Daneluzzi.