Para Sindicato dos Professores do DF, vacinação de crianças é prioridade na volta às aulas

A completa segurança para a retomada “normal” das aulas está comprometida, mesmo com o esquema vacinal completo para as crianças

Vacina da Pfizer (Foto: Reprodução)
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“Os imunizantes não serão suficientes para o primeiro dia”. Foi assim que o vice-governador Paco Britto abriu a coletiva em que anunciou oficialmente o início da vacinação contra Covid-19 de crianças de 5 a 11 anos no Distrito Federal, que deve se iniciar no próximo domingo (16/01).

O primeiro lote pediátrico, com previsão de entrega para sexta-feira (14/01) pelo ministério da Saúde, contém apenas 16.300 doses, e o GDF pretende com elas atender 15 mil crianças com comorbidades ou sob tutela do Estado, além de outras 40 mil crianças na faixa dos 11 anos.

A conta não fecha. Fecharia se o GDF decidisse vacinar, primeiro, as 15 mil crianças com comorbidades, e apresentasse um cronograma de vacinação para as outras crianças.

O Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF) demonstra preocupação com o anúncio que não traz clareza de como e em quanto tempo se dará a vacinação. “Essa falta de vacinas é resultado de um governo que parece não estar preocupado com o bem-estar e com a saúde da população, e vai contra os próprios anseios da maioria dos pais e mães, que é vacinar seus filhos o quanto antes para protegê-los. Entendemos que a vacinação das crianças de 5 a 11 anos é prioridade para a volta às aulas”, afirma a diretora do Sinpro-DF Letícia Montandon.

Num contexto em que voos estão sendo cancelados por falta de tripulantes, e lojas de comércio sem poder abrir por falta de profissionais, todos de atestado em casa por conta da Covid, a completa segurança para a retomada “normal” das aulas está comprometida, mesmo com o esquema vacinal completo para as crianças.

Promessa

“A determinação é levar a vacinação para as escolas”. Com essa frase, o vice-governador Paco Britto informou que o governo do Distrito Federal fará, num segundo momento (com as próximas doses a serem recebidas do Ministério da Saúde), ações de vacinação dos estudantes da rede pública de ensino a partir das regionais de ensino, em ação conjunta entre as secretarias de Saúde, Educação e Casa Civil. A secretária de Educação Hélvia Paranaguá deverá fazer o anúncio dessa campanha de vacinação em breve, em coletiva específica, na qual também anunciará os protocolos especiais a serem seguidos no início do ano letivo. Não foram dadas mais informações a respeito.

“Embora o anúncio seja de que as doses não contemplem todo público infantil até o início das aulas, o Sinpro-DF lembra que é dever do Estado vacinar todas as 268 mil crianças do Distrito Federal que têm entre 5 e 11 anos – e estão em idade escolar. Escola não é lugar de medo”, avalia a diretora do Sinpro-DF Letícia Montandon.

Onze pontos de vacinação com 800 a mil doses cada

As autoridades presentes na coletiva do GDF sobre a vacinação infantil não conseguiram esclarecer como se darão as fases de vacinação dos petizes candangos. Informaram que haverá 11 pontos de vacinação específicos para a imunização pediátrica contra Covid. Os pontos serão em Sobradinho, Planaltina, Santa Maria, Paranoá, Ceilândia, Brazlândia, Plano Piloto, Cruzeiro, Guará, Taguatinga e Samambaia. Cada ponto receberá, no domingo (16/01), entre 800 e 1.000 doses pediátricas da vacina da Pfizer. Os postos de vacinação funcionarão das 8 às 17h.

Outras 6 mil doses serão destinadas à chamada vacinação itinerante, e serão ministradas por equipes de saúde da família, em crianças com comorbidade e dificuldade de locomoção.

Nesses 11 pontos de vacinação, serão ministradas doses tanto para crianças com comorbidades como para crianças de 11 anos sem comorbidades.

Levantamento da própria secretaria de Saúde dá conta de 40 mil crianças de 11 anos no Distrito Federal. Mas a prioridade é para crianças com comorbidades – assim disseram as autoridades distritais. Não é recomendada a vacinação de crianças com quadro febril.

Documentos necessários para a vacinação

Para que sejam vacinados, é necessário que as crianças estejam acompanhadas de pais, mães ou responsáveis, que deverão portar documento de identificação. O vacinado deverá levar certidão de nascimento e CPF.

Vacinas diferentes

A vacina da Pfizer contra Covid-19 específica para crianças de 5 a 11 anos é diferente da vacina para indivíduos maiores de 12 anos. Para o público pediátrico, o frasco tem tampa amarela, enquanto o frasco para pessoas com 12 anos ou mais tem tampa roxa. As cores diferenciam a composição.

Não há como ministrar a vacina “roxa” para o público infantil, mesmo que em dosagens menores. Por isso, não há como direcionar vacinas de adultos para as crianças. São produtos específicos e diferenciados.

Ômicron e Influenza geram sobrecarga nas UBS

O levantamento do GDF demonstra que em torno de 90% dos infectados pela Covid que estão internados nos hospitais do DF não tomaram as vacinas contra Covid, ou não estão com os esquemas vacinais completos (duas doses). 

Houve crescimento rápido e acelerado da variante ômicron, mais H3N2 e dengue. São casos que demandam as Unidades Básicas de Saúde (UBS) que, naturalmente, estão sobrecarregadas neste momento, “mas isso não se traduziu em internações nem em óbitos”, segundo o secretário de Saúde do Distrito Federal, Manoel Luiz Narvaz Pafiadache.

Há nove leitos de UTI vagos, e a demanda maior não vem de pacientes com Covid-19, mas de outras síndromes respiratórias agudas graves. A previsão da Saúde é que essa sobrecarga se intensifique até os primeiros 10 dias de fevereiro, de forma rápida.

O secretário Pafiadache anunciou que há 26 confirmações da variante Ômicron no Distrito Federal, e outras 11.049 pessoas infectadas pelo vírus Influenza, causador da gripe – 217 dos quais contaminados com o vírus H3N2.

As crianças de 5 a 11 anos representam 5% dos casos de infecção por covid-19 no Distrito Federal.

Fonte: Sinpro-DF