Por que não se discute as consequências da reforma da Previdência?

"Precisamos dar voz aos trabalhadores e trabalhadoras deste país. Compartilhar o verdadeiro sofrimento dessa classe que vem sendo atacada dia após dia sem ter tempo de respirar, quiçá de resistir a esse massacre", diz Tadeu Porto no blog Sindicato Popular

(Foto: Carol Ferraz/ Mídia NINJA)
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No debate da Previdência só discutimos corte para aqui, aumento de contribuição pra lá, trabalhar mais ao longo da vida sem sequer discutir, o mínimo que seja, as consequências disso. O direito básico à saúde, emprego e aposentadoria, que a seguridade social garante, não é uma profecia do Harry Potter, é um direito constitucional que foi conquistado a duras penas, depois de anos de repressão e descaso social. Tivemos o maior acidente de trabalho da história deste país. Foi falado sobre brigas políticas, sobre estatização, privatização ou reprivatização, punições para culpados. São assuntos importantes, mas que não dizem respeito ao dia a dia da classe trabalhadora. Foram raras as notícias sobre os perigos do trabalho na mineração ou sobre a precarização do mercado de trabalho que está afetando diretamente o desempenho do trabalhador. A educação passa por uma grande tragédia e tem deputado com coragem de falar sobre armar professores, deixando de lado, inclusive, a preocupação com o psicológico dessa categoria depois de viver tamanho trauma. Se o presidente do Flamengo, tivesse presidido uma gestão que repassou 10 milhões de reais ao Cabral, ele, muito provavelmente, estaria preso agora e com a vida esmiuçada pela imprensa. Mas não, a gestão dele "só" foi responsável pela morte de 10 adolescentes em seu local de trabalho. O tratamento que o Estado dá para o trabalhador é irrisório. Precisamos dar voz aos trabalhadores e trabalhadoras deste país. Compartilhar o verdadeiro sofrimento dessa classe que vem sendo atacada dia após dia sem ter tempo de respirar, quiçá de resistir a esse massacre. Tem quatro anos que a grande mídia, o mercado e a política vêm dizendo que é preciso sacrificar para superar a crise. Contudo, os cortes parecem mesmos concentrados apenas nos trabalhadores assalariados e nos micro e pequenos empresários, uma vez que o grande “mercado” brasileiro pouco sofreu com a pior recessão da história. O cenário para o trabalhador jovem é tenebroso, com mais de 70% ingressando na informalidade. Não há uma política pública de inclusão de jovens em discussão, como se apenas o mercado - concentrado e convalescido - pudesse lidar com isso.