Grito dos Excluídos ganha mais visibilidade e adesões por conta das recentes manifestações. Protestos convocados por grupos via redes sociais encolhem
Por Arthur William, na Rede Brasil Atual [caption id="attachment_30561" align="alignleft" width="300"] No Centro do RJ, houve grande participação de jovens e pessoas que "debutaram" em protestos de rua (Foto: Arthur William / RBA)[/caption]O Dia da Independência do Brasil contou com manifestações em diversos locais do Rio de Janeiro. Pela manhã, movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda realizaram a 19ª edição do Grito dos Excluídos. A marcha teve como tema "Juventude que ousa lutar constrói o poder popular". Muitos participaram pela primeira vez. É o caso da pedagoga Luciane Brasil, de 36 anos: "a manifestação estava aberta ao plural, ou seja, várias manifestações unidas com um único objetivo que ao meu ver é denunciar este modelo arbitrário de política que vem se instalando no país, demonstrando que a ordem e o progresso há muito não caminham juntos".
Houve grande participação de jovens. A universitária Camila de Araujo, de 19 anos, considerou que o Grito dos Excluídos ganhou mais visibilidade por conta das mobilizações de junho: "Foi maior que o ano passado. Foi muito bacana ver bastantes bandeiras de diversos movimentos lutando pelo mesmo ideal, até porque em algumas manifestações anteriores houve repressão muito forte às bandeiras por parte da direita".
A principal pauta do Grito dos Excluídos era o problema do extermínio da juventude negra. A estudante Karina Corrêa, de 16 anos, também participou pela primeira vez dos protestos do Dia da Independência. Para a moradora de uma favela de Niterói, "as pessoas não estão pra brincadeira, estão verdadeiramente em busca dos nossos direitos e é muito bom ver que tem uma união entre pessoas que nunca se viram mas que estão lutando pela mesma causa".
A adesão dos grupos que se mobilizavam pela internet foi menor que a dos eventos de junho e abaixo das expectativas montadas pelos próprios usuários das redes. O grupo Black Blocs organizou vários atos durante todo o dia, sempre com enfrentamento com a PM. Em um deles, um jornalista foi preso, mas liberado em seguida.
Manifestantes que usavam máscaras foram detidos e policiais apreenderam o material de proteção facial de socorristas voluntários, que foi devolvido após ação de advogados da OAB-RJ. Ao todo, cerca de 80 manifestantes foram levados para delegacias de bairros das zonas sul, norte e central do Rio.
Os atos políticos no Rio de Janeiro seguiram até a noite de ontem (7). Centenas de manifestantes caminharam da Cinelândia ao Palácio Guanabara, sede do governo do estado. Em sua maioria vestidos de preto, o grupo foi barrado pela polícia nas imediações do local de trabalho do governador. Eles protestavam contra o chefe do executivo estadual, Sérgio Cabral, e pelo fim da Polícia Militar.
A PM entrou em confronto com a marcha dos Black Blocs fazendo uso de bombas de gás lacrimogêneo. Dois artefatos usados pelos policiais para dispersar os manifestantes caíram no pátio da Sociedade Viva Cazuza. A casa ajuda no tratamento de crianças com AIDS. O tenente coronel Mauro Andrade prometeu investigar o responsável por lançar o que segundo ele seria um artefato de fumaça.
A barreira humana não deixava ninguém passar. Até mesmo convidados de um casamento realizado na capela do Palácio Guanabara tiveram que andar cerca de 300 metros. Equipes da imprensa e moradores enfrentaram problemas para chegar e sair do local.
Os manifestantes foram dispersados pela polícia. Durante a retirada, um grupo queimou sacos de lixo e quebrou os vidros de pontos de ônibus. Alguns voltaram a se juntar nas escadarias da Câmara dos Vereadores. Logo após, fecharam as ruas da Lapa, tradicional bairro boêmio na área central da cidade.