Volkswagen monitorou Lula durante ditadura militar

Documentos analisados pela Comissão da Verdade mostram que empresa entregava dados dos trabalhadores aos militares.

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Documentos analisados pela Comissão da Verdade mostram que empresa entregava dados dos trabalhadores aos militares Por Redação Reportagem da agência Reuters, publicada nesta sexta-feira (5), afirma que a empresa automobilística alemã Volkswagen espionou ativistas sindicais brasileiros durante a ditadura militar; entre eles, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. A montadora teria monitorado secretamente seus próprios trabalhadores, bem como dirigentes sindicais proeminentes da época. Os documentos que mostram o fato foram descobertos em arquivos do governo por pesquisadores da Comissão Nacional da Verdade (CNV), que investiga abusos ocorridos durante o regime. A equipe da Reuters já havia informado, no mês passado, sobre indícios de que diversas empresas estrangeiras ajudaram os militares a identificar ativistas na década de 1980, com o objetivo de reprimir a agitação trabalhista. Segundo a reportagem, a Volkswagen forneceu dados de mais de uma dezena de reuniões sindicais na Grande São Paulo e retransmitia planos dos empregados em relação a greves, bem como suas demandas por melhores salários e condições de trabalho. Em alguns casos, foram fornecidos nomes de manifestantes e, inclusive, a marca e a placa de veículos presentes em atos sindicais. A montadora alemã foi uma das empresas que participaram de reuniões regulares com autoridades militares e policiais na região do Vale do Paraíba, uma área industrial a cerca de 90 quilômetros de São Paulo. Nas atas dos encontros, que foram fornecidas à Reuters por pesquisadores da CNV, a Volkswagen foi a única companhia que apresentou relatórios por escrito sobre atividades sindicais. Ela também documentou um comício de 19 de junho de 1983, que contou com a presença de Lula, que não era empregado da empresa, mas se destacava no cenário do movimento trabalhista nacional. A Volkswagen citou Lula como um crítico à "pouca vergonha do governo" e por incentivar trabalhadores a interromper, como gesto de protesto, os pagamentos de prestações ao Banco Nacional da Habitação (BNH) pela compra de imóveis. Os documentos citados pela agência serão incluídos no relatório final da Comissão da Verdade, previsto para dezembro. Foto de capa: Agência PT