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Em entrevista, Ricardo Paes de Barros - que também é professor do Insper e economista de formação liberal - criticou a naturalidade com que a sociedade aceita o conceito de "educação de pobre" e "educação de rico". "Como discutir o mérito de quem chegou em primeiro lugar em uma corrida onde as pessoas saíram em tempos diferentes e a distâncias diferentes?"
Por Redação
Especialista na questão da desigualdade social, o economista Ricardo Paes de Barros, do Instituto Ayrton Senna, problematizou o conceito de "meritocracia" que é defendido por uma parte mais conservadora da sociedade brasileira. Em entrevista ao portal Valor, Barros afirmou que não há meios de se falar em meritocracia em um país carente de igualdade em oportunidades.
"Sem resolver a desigualdade de oportunidades, ficar falando em meritocracia é piada. Como discutir o mérito de quem chegou em primeiro lugar em uma corrida onde as pessoas saíram em tempos diferentes e a distâncias diferentes?", questionou o economista, que também é professor no Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper).
Para Barros - que se formou em economia em Chicago (EUA), em uma instituição de corrente liberal - o país tem avançado no combate às diferenças de oportunidades nas escolas mas avalia que a sociedade ainda reforça um conceito e, ainda mais grave, o naturaliza, de que há uma "educação de rico" e uma "educação de pobre".
"Você está naturalizando o fato de que uma criança pobre pode aprender menos, e uma criança rica tem que aprender mais. É o conformismo, o naturalismo", pontuou o professor, um dos formuladores de programas de distribuição de renda que deram origem ao Bolsa Família.
Foto: Reprodução/Youtube
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