Blackface: Estudantes de medicina brancos se pintam de preto para protestar contra cotas

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A denúncia foi do médio Eduardo Bhaltasar, que se deparou nas redes com uma foto de alunos da Faculdade de Medicina de Jundiaí que pintaram seus corpos de preto e escreveram a palavra "cotas" durante uma competição universítária realizada esta semana em Lins, interior de São Paulo Por Redação Mesmo com inúmeros exemplos de como a prática do "blackface" evidencia o preconceito racial, esse foi o caminho escolhido por estudantes brancos da Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ) para protestar contra a política de cotas nas universidades. Em uma partida de futebol pela "Pré-Intermed", competição realizada em Lins (SP) nesta Semana Santa que antecede os jogos universitários de medicina, alunos que compunham a torcida pintaram seus corpos de preto e escreveram a palavra "cotas". A foto, de autoria desconhecida, foi encontrada nas redes sociais pelo médico Eduardo Bhaltasar, que já participou da competição universitária. No site "O Prato Feito", ele fez um relato criticando a postura dos estudantes e explicando o quanto o preconceito é comum na área da medicina. "Piadas racistas eram contadas com certa frequência (e aqui quem me conhece sabe que nunca aceitei), como também racismos escancarados, como certa vez ouvi uma colega dizer: 'Não quero mais atender aquele preto fedido'", escreveu. De acordo com Bhaltasar, a foto em questão é de uma partida entre os alunos da FMJ contra os estudantes da Unicamp. O protesto estaria ligado ao fato de que a Unicamp bateu o recorde, este ano, de alunos oriundos de escolas públicas e desse total 43% se declararam negros, pardos ou indígenas. Só em Medicina, 88,2% dos alunos são oriundos de escolas públicas. "O tema central é que não existe motivos para que alguém desmoralize a universidade, no caso dela adotar essa política. Pois como mostra esse estudo da Unifesp, esse estudo da UnB e esse estudo da Unicamp, cotistas tem o mesmo desempenho ou, em alguns casos, desempenho superior quando comparado aos alunos não-cotistas", criticou o médico.