DataFolha mostra que apoio à descriminalização da maconha sobe 12% em 5 anos

A proporção favorável chegou a 32%, o maior patamar da série histórica, iniciada em 1995, de acordo com pesquisa do instituto.

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A proporção favorável chegou a 32%, o maior patamar da série histórica, iniciada em 1995, de acordo com pesquisa do instituto. Da Redação* Apesar de a maioria da população brasileira ainda defender a proibição da maconha, o apoio à descriminalização da droga tem aumentado. A proporção favorável chegou a 32%, o maior patamar da série histórica, iniciada em 1995, de acordo com pesquisa do Datafolha. Nos anos 90, eram 17% e, na última pesquisa, em 2012, 20%, o que representa um aumento de 12% em apenas 5 anos. Ajude a Fórum a fazer a cobertura do julgamento do Lula. Clique aqui e saiba mais. Atualmente, 80% dos entrevistados dizem que nunca fumaram maconha –14% declaram já ter usado a droga uma vez, mas pararam. Só 5% admitem fumar no presente. O índice é maior entre os homens: 27% afirmam que fumam ou já fumaram. Entre as mulheres são 12%. A pesquisa foi realizada com 2.765 pessoas em 192 municípios entre 29 e 30 de novembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Além de admitirem fumar mais, os homens apoiam mais a descriminalização da maconha –35% deles, 7 pontos a mais que as mulheres. A idade também pesa na opinião dos brasileiros sobre a proibição. Quanto mais jovem, mais favorável à droga. Entre 16 e 24 anos, 40% acreditam que fumar maconha não deveria ser crime. A taxa cai para 24% entre pessoas com 60 anos ou mais. Além disso, o apoio à descriminalização aumenta de acordo com a escolaridade, atingindo 42% entre pessoas com nível superior. A taxa cai para 24% entre entrevistados com ensino fundamental. A renda também influencia a visão sobre o tema. Entre os mais ricos, com renda familiar mensal superior a dez salários mínimos, 53% defendem que fumar maconha não deveria ser crime -contra 26% entre os que têm até dois salários mínimos. O Nordeste é a região com maior taxa contrária à descriminalização da erva, 74%. Sul e Sudeste são as regiões que menos se opõem à medida: 59% e 62%, respectivamente. Dentre as religiões, mais evangélicos se posicionam contra a maconha do que grupos de qualquer outra crença: 74%. São seguidos dos católicos, com 67%. Entre ateus, essa taxa cai para 24%. De acordo com a socióloga Julita Lemgruber, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes, o apoio à descriminalização cresceu junto com o debate sobre o uso da maconha com fins medicinais. “Casos de crianças com epilepsia, que se beneficiam bastante da Cannabis, sensibilizam muito o público. Isso contribuiu para quebrar o estigma e a demonização da maconha”, afirma ela, que é favorável à legalização de todas as drogas. Nos últimos anos, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou o uso de produtos à base de canabidiol por pacientes. A agência também planeja elaborar norma sobre o cultivo da Cannabis para pesquisa e produção de extratos ou futuros medicamentos –algo já previsto por lei, mas ainda sem regulamentação. Além disso, a recente descriminalização em alguns países e em regiões dos Estados Unidos também pode ter influenciado brasileiros. Em setembro de 2015, o Supremo Tribunal Federal começou a julgar a descriminalização do porte de drogas, mas o processo foi suspenso. Na ocasião, três ministros apresentaram votos favoráveis à descriminalização, sendo que dois deles restringiram a liberação à maconha. O julgamento foi adiado após pedido de vista do ministro Teori Zavascki, morto em um acidente aéreo em janeiro de 2017. O processo passou para o gabinete do ministro Alexandre de Moraes, que assumiu a vaga de Zavascki. Há também projetos de lei em tramitação no Congresso sobre o tema, como o do deputado do PSOL Jean Wyllys, que regula a produção e a venda da maconha. *Com informações da Folha de S.Paulo Foto: Commons