Moradores de rua morrem na madrugada mais fria do ano em São Paulo

A capital paulista sofreu com a madrugada mais fria em anos e dois óbitos de moradores de rua, até agora, foram confirmados; população mais vulnerável denuncia más condições e falta de vagas em abrigos da prefeitura. Saiba como ajudar

Reprodução/Facebook Júlio Lancellotti
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Além sofrerem com o descaso do poder público com relação à assistência social e políticas de habitação, a população de rua de São Paulo agora sofre com a chegada da frente fria que, em alguns casos, pode ser fatal. Na madrugada desta segunda-feira (21), a mais fria para o mês de maio desde 2007, dois moradores de rua morreram. Um na zona oeste e um no centro da cidade. O Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo ainda não confirmou as causas das mortes, mas a maior suspeita é hipotermia, já que as vítimas estavam sem agasalhos ou cobertores e não há qualquer sinal de violência. Em entrevista ao G1, o coordenador da Pastoral do Povo de Rua, padre Júlio Lancellotti, afirmou que, mesmo sendo o frio a causa das mortes, dificilmente o IML cravará como hipotermia. “No IML nunca dizem que a causa da morte é hipotermia. Vão encontrar alguma outra patologia. Mas isso aconteceu justamente na madrugada mais fria do ano”. Foi o próprio padre Julio, inclusive, quem denunciou as mortes, através de seu perfil no Facebook. "Até agora dois mortos na rua nesta madrugada fria. Quantos mais serão necessários?", questionou. No Largo do Paissandu, centenas de famílias que viviam na ocupação do prédio que desabou, semanas depois, seguem dormindo ao relento, sem o apoio da prefeitura, em um acampamento improvisado. Assim como a maior parte da população que vive em situação de rua na capital, eles se recusam a ir para os abrigos da prefeitura que, segundo eles, são sujos, com regras rígidas e hostis, já que há inúmeros relatos de autoritarismo e humilhação dos agentes para com essas pessoas vulneráveis. Muitos dos moradores de rua relatam, ainda, que não encontram vagas nesses abrigos. Há duas semanas, Fórum visitou o acampamento onde vivem essas famílias e conversou com algumas delas. Relembre aqui. Em nota, a prefeitura de São Paulo informou que" desde o dia 17 de maio a Prefeitura de São Paulo intensificou o atendimento à população em situação de rua da capital com o início do Plano de Contingência para Situações de Baixas Temperaturas – 2018. A ação segue até o dia 30 de setembro e será reforçada sempre que a temperatura atingir o patamar igual ou inferior a 13º, ou sensação térmica equivalente”. Doações A Pastoral do Povo de Rua informa que está com baixo estoque de cobertores e agasalhos e pede ajuda da população. As doações podem ser levadas para a Casa de Oração, na Rua Djalma Dutra, número 3, no centro, e para a Paróquia São Miguel Arcanjo, na Rua Taquari, número 1.100, no bairro Belém.